As reservas de ouro nacionais podem ajudar Portugal a financiar-se sem que seja necessário vendê-las. A sugestão é da diretora de assuntos governamentais do World Gold Council (WGC), Natalie Dempster, que sugere uma solução simples em entrevista ao Diário Económico: “ter uma elevada quantidade de ouro é positivo e pode-se alavancar o ouro utilizando-o como colateral para emitir dívida e fazer face às necessidades de financiamento”.
As reservas de ouro nacionais correspondem a 10,32 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), refletindo um peso na economia portuguesa que só é superado pelo Líbano, onde as reservas equivalem a 39,04 por cento do PIB. Ao propor o ouro como garantia, o Estado não teria de o vender, mas iria conseguir baixar o juro pelo financiamento: Dempster acredita que a redução seria para metade.
A proposta foi já enviada, pelo WGC, para o Parlamento Europeu. O documento apela a que os “Estados-membros da zona euro com reservas de ouro significativas face às suas necessidades de financiamento de médio prazo considerem, como opção, oferecer ouro como colateral para emitirem dívida soberana”, citando os casos de Portugal e de Itália como os principais beneficiários desta medida.
Além da baixa do juro exigido pelo financiamento, ter o ouro como contrapartida iria aumentar a procura pelos títulos da dívida portuguesa, pois “atrairia certamente investidores como governos de mercados emergentes e fundos soberanos”.
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