Uma prisão na Amazónia está a fazer uma experiência com ayahuasca, uma bebida alucinogénica. Os reclusos que se voluntariam descobrem sensações escondidas: a maioria sente arrependimento pelo que fizeram de mal e manifesta o desejo de obter um perdão.
Na prisão de Ji-Paraná, na Amazónia brasileira, está em curso uma experiência sociológica à base de uma bebida alucinogénica bem conhecida na América do Sul: a ayahuasca.
A iniciativa é promovida pela Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso (Acuda), uma organização que luta pelos direitos humanos nas prisões e que tem promovido sessões sessões de ioga, meditação e reiki.
Para aliviar a pressão sentida pelos reclusos, num país onde a sobrelotação das prisões é um problema já com historial, a Acuda promoveu uma sessão de chá de ayahuasca. Mas nem os voluntários da organização esperavam os resultados que vieram a ocorrer.
“Muitas pessoas no Brasil acreditam que os presos devem sofrer, suportando fome e perversidade. Esse pensamento reforça um sistema em que os reclusos voltam à sociedade mais violentos do que quando entraram na prisão”, explicou Euza Beloti, psicóloga do grupo Acuda, citada pelo New York Times.
Quando os reclusos (em grupos de 15, uma vez por mês) começaram a beber a ayahuasca, cujo nome deriva de uma palavra indígena que significa “expandir a consciência”. Na grande maiorias dos casos, os reclusos, quase todos condenados por crimes violentos (como violação ou homicídio), lamentam o caminho que tomaram na vida e desejam ser perdoados pelos crimes que cometeram.
“Finalmente estou a perceber que eu estava no caminho errado nesta vida. Cada experiência ajuda-me a comunicar com a minha vítima para pedir perdão”, afirmou Celmiro de Almeida, que cumpre pena por homicídio.
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