O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, mostrou-se hoje disposto a ter uma relação de “entendimento e concórdia” com o novo presidente do governo catalão, Quim Torra, desde que este cumpra a lei e a Constituição.
O executivo vai apostar pelo “entendimento e pela concórdia”, disse o chefe do Governo espanhol, garantindo que “a lei, a Constituição espanhola e o resto do ordenamento jurídico se irão cumprir”.
Mariano Rajoy avançou que não gosta das palavras que tem ouvido da boca de Quim Torra, mas que o irá julgar não por estas, mas sim pelo que fizer a partir de agora.
O primeiro-ministro espanhol reconheceu que o momento atual não é fácil e fez um apelo no sentido da contenção, da tranquilidade e de que “ponha de lado a ansiedade”.
Mariano Rajoy vai reunir-se na terça-feira com o líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Pedro Sánchez, e também está previsto um encontro com o presidente do Cidadãos (centro-direita), Alberto Rivera, na quarta-feira.
O parlamento da Catalunha elegeu hoje Quim Torra como presidente desta região espanhola que assim recupera o seu estatuto de autonomia perdido em outubro de 2017 com a tentativa de independência liderada por Carles Puigdemont.
Quando o candidato eleito formar o Governo regional (Generalitat) terminará a tutela política imposta por Madrid na Catalunha na sequência da proclamação da independência da região em 27 de outubro de 2017.
A eleição mete também fim a um impasse político de quase cinco meses depois das eleições regionais de 21 de dezembro em que os partidos independentistas voltaram a ter uma maioria no parlamento da Catalunha.
Quim Torra foi indicado pelo ex-presidente catalão Carles Puigdemont refugiado na Alemanha e a aguardar uma decisão sobre o mandato europeu de detenção emitido pela justiça espanhola que aguarda pela sua extradição para o julgar.
Quim Torra foi eleito em segunda votação por 66 votos dos dois grandes partidos independentistas, ‘Juntos Pela Catalunha’ (direita) e Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, socialista), tendo votado contra 65 deputados regionais do Cidadãos (liberais), Partido Socialista da Catalunha (associado ao PSOE), Partido Popular (PP, direita), ‘En Comú-Podem’ (extrema-esquerda).
A abstenção dos quatro deputados do pequeno partido independentista de extrema-esquerda ‘Candidatura de Unidade Popular’ (CUP) foi essencial na eleição de Quim Torra, que assim conseguiu ganhar por maioria relativa, depois de ter falhado a primeira votação no sábado em que precisava da maioria absoluta dos 135 deputados regionais.
No discurso que fez esta manhã, Quim Torra voltou a sublinhar que Carles Puigdemont é o “presidente legítimo” do governo regional da Catalunha e prometeu ser “leal ao mandato” para “construir um Estado independente em forma de República”.
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