Amadeu Guerra, o procurador que está a fechar o despacho de acusação da Operação Marquês, que envolve José Sócrates e mais 30 arguidos, teve um desabafo inesperado: “Odeio megaprocessos”.
Após ouvir várias críticas à extensão de alguns processos, com considerações relacionando o número de arguidos com uma maior demora na resolução dos julgamentos, o responsável do Departamento Central de Investigação e Ação Penal pediu a palavra.
“Eu também odeio megaprocessos”, revelou Amadeu Guerra: “Se pudesse haver processos com menos arguidos, com menos relações entre eles, menos dinheiro, podíamos separar alguns processos, mas toda a visão de conjunto desaparecia”.
O procurador, que entre outros casos tem o da Operação Marquês, admitiu ainda que prefere separar os processos, o que nem sempre é possível.
“O que eu sou contra é que digam que fabricamos megaprocessos. Eu e os meus magistrados também gostaríamos que houvesse mais celeridade nos processos, mas muitas vezes não é possível fazer a separação dos processos”, insistiu Amadeu Guerra.
E muitas dessas críticas sai feitas sem que seja medida a consequência. Outro procurador, Rui Cardoso, deu um exemplo: “Se todos os factos que lhes são imputados fossem separados, [os arguidos] passariam o resto da vida a ser julgados. Mais valia irem viver para o tribunal”.
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