O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, aconselhou hoje a população, atingida pela desvalorização da moeda nacional, lira, que perdeu 40 por cento do valor em 12 meses, que chame a polícia se detetar um aumento anormal dos preços nos estabelecimentos.
“Querida nação, vós sois as pessoas que seguem mais de perto o que ocorre nos mercados. Se vires um câmbio de facto incomum, nunca visto, nos preços de um produto, chamem de imediato a polícia municipal”, disse o Presidente no parlamento.
“Também me dirijo às câmaras municipais: por favor, deem alento à vossa polícia municipal para que se mostre atenta neste assunto”, acrescentou Erdogan durante o mesmo discurso, transmitido em direto pela cadeia televisiva NTV.
O Presidente turco não especificou que medidas podem tomar os agentes contra os supermercados ou mercearias que sigam a tendência da alta dos preços, em grande medida relacionada com a queda da lira e o consequente aumento dos produtos importados ou produzidos com a inclusão de componentes estrangeiras.
Segundo os dados oficiais, a inflação atingiu em agosto 17,9 por cento, o valor mais elevado em uma década.
Em agosto, o Ministério do Comércio anunciou que vai investigar e impor multas às empresas que tenham aumentado de forma “anormal” os preços e tenham recorrido a “subidas de preços encobertas”, mas sem precisar que género de subida seria considerada um crime.
A crise financeira na Turquia coincide com uma crise diplomática entre a Turquia e os Estados Unidos, com impacto na economia turca, e que implicou uma tentativa de reaproximação à Europa na sequência da recente visita de Erdogan à Alemanha.
As relações entre Ancara e a generalidade dos países da União Europeia registaram um acentuado recuo após o fracassado golpe de Estado de julho de 2016, com Ancara a censurar os aliados europeus por falta de solidariedade na sequência da intentona militar.
Mas a liderança turca parece ter agora adotado uma linguagem mais conciliadora e quando se degradam as suas relações com Washington e a sua economia, muito dependente das trocas comercias com a Europa, está em acentuado recuo.
As acusações de deriva autoritária atribuídas ao líder turco, em particular a ampla vaga repressiva que se sucedeu ao golpe e o reforço dos poderes presidenciais, não impediram Erdogan de ser recebido com “pompa e circunstância” pelos altos responsáveis germânicos, suscitando diversas críticas e originando manifestações de protesto.
Apesar de persistirem divergências de fundo entre os dois países, Erdogan prometeu ultrapassar a “época de problemas com a Europa” e melhorar “gradualmente” as suas relações com a União Europeia.
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