Portugal: Dez refugiados deviam ter chegado, mas… Onde estão?

Portugal comprometeu-se a receber, de uma só vaga, 40 refugiados da Síria, mas dez desapareceram. A ministra da Administração Interna garantiu que estava tudo preparado, mas o grupo ‘perdeu-se’ na Grécia e manteve “o projeto migratório que já tinham delineado na sua cabeça”.

A novidade foi avançada no Parlamento por Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, e já deu origem a piadas na internet: Portugal devia ter recebido dez refugiados, mas estes ‘fugiram’ do país…

Vamos então aos números: Portugal está preparado para acolher “um número bastante elevado” que a ministra não precisou. A governante referiu que já demos abrigo a 30 migrantes e adiantou que há dez que deviam ter já chegado, mas que ninguém sabe onde param.

“As autoridades gregas disseram que já não viriam” porque o grupo se encontra “desaparecido”, adiantou Constança Urbano de Sousa.

“As pessoas têm de se registar mas não estão detidas, e muitas vezes prosseguem o seu projeto migratório que já tinham delineado na sua cabeça”, explicou.

Ainda de acordo com a ministra, estão em análise cerca de 90 pedidos de recolocação de refugiados.

Desde o início da resposta conjunta europeia que Portugal acolheu 491 pessoas, de um total estimado de 160 mil refugiados, a serem recolocados a partir da Grécia e da Itália.

Cabe às autoridades italianas e gregas fazerem a primeira triagem, com o registo de dados de identificação e das impressões digitais, mas…

“Acontece que, na Grécia, dos cinco centros [de triagem] previstos só o de Lesbos está a funcionar”, disse a governante aos deputados, enquanto na Itália “apenas três” dos seis previstos “estão operacionais”

Os números do drama

Constança Urbano de Sousa apresentou ainda números relativos ao historial de crises de migrantes no Mediterrâneo.

Só neste século morreram 20 mil pessoas, mais de 3500 só no ano passado.

Foi pelo mar que 280 mil pessoas chegaram à Europa 2014, tendo o número subido para mais de um milhão em 2015.

Só da Síria fugiram 4,5 milhões de pessoas, embora 2,5 milhões tenham procurado abrigo na Turquia.

“Teremos de ter capacidade para participar no programa de refugiados na Turquia”, avisou ainda a ministra, lembrando que o problema “não vai acabar tão cedo” e salientando que os migrantes são “as primeiras vítimas dos terroristas”.

“Temos de nos preparar para a necessidade do cumprimento de um dever civilizacional de proteger estas pessoas e dar-lhes as melhores condições de integração nas sociedades europeias”, argumentou Constança Urbano de Sousa.