Necessidades dos doentes em cuidados paliativos são mais psicológicas do que físicas

As principais necessidades paliativas em pessoas com doença avançada não são físicas, mas psicológicas, relacionadas com a família ou espirituais, concluiu um estudo observacional multicêntrico desenvolvido por investigadores do CINTESIS, a que a Lusa teve hoje acesso.

O principal objetivo dos investigadores Bárbara Antunes e Pedro Pereira Rodrigues, do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), foi identificar as principais necessidades sentidas por pessoas com diagnóstico de doença incurável (oncológica e não oncológica) e potencialmente ameaçadora da vida no que diz respeito aos cuidados paliativos que gostariam que lhes fossem prestados.

Os autores triaram mais de 1700 indivíduos, tendo incluído 135 de um total de nove instituições. Mais de 80 por cento tinham cancro, 57 por cento eram homens e a média de idades era de 66 anos.

A maior parte estava em unidades de cuidados paliativos, mas também havia doentes seguidos nos cuidados primários de saúde ou em hospitais não especializados em cuidados paliativos, em diferentes fases da doença (estável, instável ou terminal).

Para os doentes a necessitar de cuidados paliativos, o principal problema reportado foi a ansiedade ou a preocupação dos seus familiares e amigos (36,3 por cento), seguindo-se a própria ansiedade ou preocupação em relação à doença ou ao tratamento (13,3 por cento) e a necessidade de se sentirem em paz (quase 10 por cento).

A necessidade de partilhar as suas emoções foi a quinta principal necessidade paliativa referida.

Só depois destas necessidades psicológicas ou espirituais vinham as necessidades físicas, como a dor (7,4 por cento).

Através da utilização de uma escala designada por “The Portuguese Integrated Palliative Care Outcome Scale” (IPOS), validada para a população portuguesa, os investigadores concluíram ainda que, apesar de serem referidos, os problemas muitas vezes percecionados como os mais graves, como vómitos ou náuseas, eram, na verdade, os que menos preocupavam os doentes.

O estudo concluiu que “as equipas clínicas resolvem as questões físicas, mas devem melhorar a resolução de necessidades não físicas em sede de cuidados paliativos”, sugerindo a utilização daquela ferramenta para beneficiar a prática clínica paliativa e melhorar a assistência aos doentes e às suas famílias.

O trabalho é assinado também por Irene Higginson, do King’s College London, e por Pedro Ferreira, da Universidade de Coimbra.

O Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia. Sediado na Universidade do Porto, o CINTESIS beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da Escola Superior de Enfermagem do Porto. No total, o centro agrega cerca de 500 investigadores e conta com sete ‘spin-offs’.

Lusa

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