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Na Escola da Floresta saltar em poças de água faz parte do ‘programa’

Saltos livres em poças de água fazem parte do programa da Escola da Floresta, em Sintra, onde as crianças lideram uma aprendizagem “com as mãos” que promove a educação ambiental através da ligação emocional à natureza.

“É totalmente diferente dizermos às crianças que elas têm de reciclar e responsabilizar-se pelas coisas catastróficas que podem acontecer no mundo, e levá-las a ter experiências diretas, sensações, com as árvores, as plantas, os animais. Nessas experiências elas criam uma ligação emocional”, contou à Lusa Mónica Franco, fundadora da Escola da Floresta.

O projeto começou em outubro a proporcionar esta ligação aos alunos da Escola Básica da Várzea, no concelho de Sintra (distrito de Lisboa), devido a uma bolsa das Academias do Conhecimento da Fundação Calouste Gulbenkian e ao financiamento da Parques de Sintra Monte da Lua (sociedade de capitais públicos), que vão permitir a concretização e a avaliação desta metodologia experimental durante nove meses.

Para Martim Alexandre, de 9 anos, esta tem sido uma oportunidade de aprender “com a natureza e com as mãos”, embora o que mais goste seja o contacto com os animais, sobretudo o boi António, um morador recente mas já muito popular entre os alunos que se deslocam semanalmente à Quintinha Pedagógica de Monserrate para as ‘aulas’ da Escola da Floresta.

A Escola da Floresta nasceu da vontade das mães e amigas de infância Mónica Franco e Magda Ferro de promoverem a educação ambiental através da ligação direta das crianças à natureza, o mesmo objetivo que tinha presidido à criação da associação ambiental sem fins lucrativos Movimento Bloom.

O movimento Bloom representa em Portugal a fundação norte-americana Sharing Nature, do educador ambiental Joseph Cornell, que propõe o aprofundamento da “ligação emocional” das crianças com a natureza, através de jogos que tentam fazer emergir o que há de mais inato nessa relação.

Em Portugal far-se-á a avaliação do método, através de uma equipa de investigadores do ISCTE (do Instituto Universitário de Lisboa), no âmbito da monitorização que as Academias do Conhecimento da Gulbenkian promovem.

“A metodologia segue um fluxo de aprendizagem que permite tirar partido do maior potencial das crianças, que é a sua energia. As crianças chegam à floresta com uma determinada energia e faz parte do projeto da escola da floresta aproveitar essa energia”, explica Magda Ferro.

Neste método, as crianças têm um papel preponderante: “Elas lideram; nós, os adultos, estamos cá para apoiar”, explica Mónica Franco.

Por isso, a poça de água que os alunos encontram a subir a encosta da Quintinha de Monserrate é uma experiência pedagógica como qualquer outra, através da qual podem aprender o ciclo da água enquanto chapinham, antecipando a já prevista passagem final por um pequeno lago, a que chamam a “minipraia”.

No dia em que a Lusa acompanha a ‘aula’ da Escola da Floresta, os meninos estreiam as calças de trabalho impermeáveis com suspensórios que tiveram de ser encomendadas da Alemanha, porque em Portugal só se vendem em números de adulto.

A metodologia da Escola da Floresta juntou-se à da Escola Básica da Várzea, designada de A.S.A.S. (Aprendizagens Significativas e Autorreguladas rumo ao Sucesso), em que os alunos trabalham por objetivos, por eles definidos, promovendo a autonomia, a partilha e a entreajuda.

“A Escola da Floresta tem sido uma grande liberdade. No fundo, é liberdade que continua da escola, do nosso projeto educativo”, conta a professora Anabela Marques, que nota que os alunos “venceram uma série de medos”, têm “muito mais respeito pela natureza”, tornaram-se mais observadores e críticos.

Tal como na Escola da Várzea há conselhos a cada quinzena, nos quais os alunos discutem os problemas que enfrentaram, o final da aula na Escola da Floresta termina com os meninos em círculo, passando um pau quando cedem a palavra, para dizer o que mais gostaram naquele dia e o que gostariam de fazer na próxima semana.

No círculo, todos são iguais, professora, monitores, crianças, e um pai, que veio acompanhar a atividade, e todos aprendem com todos.

“Respeitamos o tempo deles, eles mostram-nos coisas que nem tínhamos percebido”, resume o monitor Rafael Crooz.

Lusa

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Lusa

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