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Ministra ofende autistas, incendeia redes sociais e… pede desculpa

Um comentário de Cármen Lúcia, ministra e presidente do Supremo Tribunal Federal, provocou indignação nas associações de proteção de autistas. Numa entrevista à GloboNews, destacou-se uma delaração infeliz, que gerou indignação, manifestada nas redes sociais, e obrigou a um pedido de desculpa.

A presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil foi vítima de uma metáfora infeliz, que se repete em todo o mundo, usando a expressão “autista” para classificar uma sociedade que não se abre ao mundo.

Numa entrevista concedida à GloboNews, Cármen Lúcia afirmou que a sociedade pode esperar grande empenho dos membros do tribunal, uma vez que estes “não são autistas, e sim cidadãos”.

Ora, a declaração teve um forte impacto, por motivos óbvios. E diversas associações que se dedicam ao autismo manifestaram a sua inquietação, pelas palavras da ministra, que acaba de assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e que apresenta como sua bandeira a defesa das minorias.

Os ecos da revolta começaram a fazer-se sentir nas redes sociais, o que levou a que Cármen Lúcia escrevesse um comunicado com um pedido de desculpas.

Diversas pessoas e entidades consideraram que a declaração da ministra foi ofensiva para quem vive com essa condição.

“Em entrevista concedida há alguns dias, fiz uso – sem qualquer motivação de ofensa ou desqualificação – à condição autista. Recebi manifestações – justas e motivadas – de que o uso era indevido e poderia ser interpretado como ofensivo. Diante da repercussão, sei agora que não poderia ter feito uso da palavra, pois poderia ensejar má interpretação”, realçou Cármen Lúcia, que prosseguiu com o pedido de desculpa e se retrata:

“Peço desculpas por isso e esclareço, ainda uma vez, que jamais tive qualquer intenção de ofender ou de manifestar discriminação”.

Mas a ministra quis ir mais longe e lembrou que tem, na família, “uma pessoa linda e querida”, que vive com o autismo. E dada a sua “experiência familiar”, diz que seria impossível discriminar alguém com a doença.

A entrevista à GloboNews gerou uma reação do Projeto Colabora, que trabalha com autistas.

Em carta aberta, esta associação falou em nome de inúmeros pais, com filhos autistas, que se sentiram ofendidos com aquelas palavras.

“É assim que nos sentimos, excelência. Abandonados e desrespeitados. Brigamos por serviços básicos, brigamos por uma vaga na escola, brigamos por medicamentos mais baratos, brigamos por ajuda médica, brigamos, brigamos”, realçou a Colabora, perante tais afirmações.

“Para a presidente da mais alta instância judicial, existem classes diferentes de pessoas e os autistas (talvez os deficientes em geral), não estão contemplados no grupo dos cidadãos. E a garantia de sucesso do trabalho do Supremo, na sua opinião, é o facto de os ministros não serem autistas”, acrescenta a mesma carta.

A concluir, aquela associação salienta que talvez a situação do Brasil fosse melhor “se alguns autistas estivessem no poder”.

Esta não é a primeira vez que a classe política utiliza a expressão “autista” para classificar, de forma depreciativa, uma atuação de entidades, governos ou outros órgãos.

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