Batendo com o punho no púlpito do hemiciclo da Organização das Nações Unidas, o presidente francês, Emmanuel Macron, exortou os dirigentes mundiais a “não se habituarem” à subida dos nacionalismos, que se alimentam, disse, do aumento das desigualdades.
O chefe de Estado francês não citou o nome de Donald Trump, mas o seu discurso perante a Assembleia-geral da ONU foi o exato oposto do pronunciado, duas horas antes, pelo seu homólogo norte-americano.
“Alguns escolheram a lei do mais forte. Mas ela não protege nenhum povo. Nós escolhemos uma outra via: o multilateralismo”, resumiu Emmanuel Macron.
O dossier iraniano ilustra esta profunda diferença de abordagem. Quando Trump apela à comunidade internacional para que “isole o regime iraniano”, Macron defende “o diálogo” com Teerão.
No seu discurso, que terminou sob fortes aplausos, Macron alarmou-se da “crise profunda” que atravessa a “ordem internacional”, simbolizada pela “impotência” que ameaça a ONU.
Para o líder francês, o “coração do problema” é a subida das “desigualdades profundas” nas últimas décadas. E mencionou “os 250 milhões de crianças que não têm direito à escola”, “os 783 milhões de pessoas que vivem abaixo do patamar de pobreza” e ainda “as 200 milhões de mulheres de que não têm acesso à contraceção”.
Ora, “os problemas nas nossas sociedades alimentam-se de todas estas desigualdades”, disse, apelando às grandes instituições para “mudarem de método”, sem entrar em detalhes.
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