Jornais ‘revelam’ terrorista que nunca esteve em Paris nem é muçulmano

Uma fotografia de Veerender Jubbal a segurar um iPad apareceu, durante o fim de semana, como sendo a de um dos terroristas de Paris. Só que a imagem do jornalista foi manipulada, com o iPad a ser ‘substituído’ pelo Corão. E ainda houve espaço para um brinquedo sexual (?).

O que faz um Sihk com um ‘dastar’, um Corão e um brinquedo sexual na capa de vários jornais, incluindo um dos maiores de Espanha? Só pode ser um dos terroristas responsáveis pelos ataques de Paris, certo? Não, bem pelo contrário.

Veerender Jubbal é um jornalista ‘freelance’ que vive no Canada e nunca esteve em Paris. Sendo da religião Sihk, nada tem a ver com o Islão, assim como o ‘dastar’ (a peça sobre o cabelo) não é um turbante.

Certo é que alguém, na ‘ressaca’ dos atentados terroristas em Paris, pegou numa fotografia de Jubbal – uma selfie no quarto de banho a segurar um iPad – e manipulou-a (grosseiramente, diz quem percebe) no Photoshop, fazendo-o envergar um colete (para dar a ideia de transportar bombas) e segurar no Corão.

O mais estranho ainda é o pormenor escondido no fundo: eis que na montagem surge, na banheira, um brinquedo sexual.

Porém, vários jornais tomaram a imagem como verdadeira e apresentaram Veerender Jubbal como um dos alegados autores dos ataques em Paris. Foi o caso do La Razon, um dos mais conhecidos jornais espanhóis.

No Twitter, o jornalista fez questão de desmontar a mentira e anunciou que vai processar o autor da ‘brincadeira’.

“Bem, acabei de receber um telefonema de um primo na Índia e eles sabem o que se passa, viram a imagem no India Times. Parece que é provável que os processe”, escreveu Veerender Jubbal.

Ninguém sabe ao certo por que motivo (nem quem) foi manipulada uma selfie deste jornalista, mas nos ‘bastidores’ da internet recorda-se que foi Veerender Jubbal a revelar publicamente um escândalo da “corrupção ética” no jornalismo sobre videojogos.