O processo Casa Pia, um dos mais longos na história da Justiça portuguesa, poderá não passar de uma “brincadeira”. Quem o afirma é um dos antigos alunos que denunciou ter sido alvo de abusos sexuais, dando origem a toda a investigação, mas que na sessão de hoje disse ao tribunal justificou ter inventado as denúncias.
“Eles”, os inspetores da Polícia Judiciária, “ficavam contentes e nós continuávamos com esta brincadeira pra a frente”, assumiu Ilídio Marques, estendendo esse ‘contentamento’ aos jornalistas: “a comunicação social também nos ajudou muito”.
Na sessão de hoje, motivada pela necessidade de repetir parte do julgamento, o antigo aluno insistiu que não foi vítima de abuso sexual “nem na casa de Elvas, nem em nenhum outro sítio”.
Para além do interesse mediático, Ilídio Marques reconheceu, no Campus da Justiça (Lisboa), que houve também interesse económico na ‘fabricação’ das acusações. Segundo o antigo aluno, dois outros rapazes da Casa Pia disseram-lhe ter recebido “dinheiro da doutora Catalina Pestana”, antiga provedora da instituição, “para referirem os nomes de Ferro Rodrigues e Jaime Gama”.
Correndo o risco de ser acusado de perjúrio, Ilídio Marques garantiu estar agora “a dizer a verdade”: “andei a esconder-me atrás de alguém com a mentira. Por isso, agora vou dizer a verdade. Não admito que duvidem de mim”.
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