Golos, Nuno Gomes e pedradas

O futebol português teria certamente mais adeptos nas bancadas se todos os jogos fossem como o Paços de Ferreira-Benfica da 24.º jornada. O resultado parece mais um jogo de vivos contra ‘mortos’, mas na realidade foi um grande espetáculo de futebol.

O jogo resume-se aos primeiros 28 minutos. Aos cinco, o Benfica já vencia por Cardozo, de grande penalidade, num lance em que ficou por mostrar o vermelho a Javier Cohene por agressão a Javi Garcia. Aos 13, Saviola assiste Aimar que com a classe do costume aumenta para 2-0. Aos 25, Gaitán, numa jogada brilhante, marcou um dos melhores golos deste campeonato. Aos 28, o lateral Carole, a ocupar o lugar do habitual Fábio Coentrão, desviou para a baliza errada, sem hipóteses para Roberto. Em menos de meia hora, o jogo ficou praticamente resolvido, deixando prever uma segunda parte sem interesse.

Mentira. A equipa de Rui Vitória não deitou a toalha ao chão. Foi em busca da felicidade, obrigando Roberto a algumas defesas difíceis. Se no campeonato português houvessem mais Paços de Ferreira, talvez o nosso futebol não estivesse na situação difícil em que se encontra. A formação da capital do móvel bateu-se sempre olhos nos olhos contra o melhor Benfica da temporada.

O jogo, sentenciado desde a primeira parte, fez com o que Jorge Jesus gerisse algumas pedras importantes para a receção ao FC Porto. O herói da partida acabou mais uma vez por ser Nuno Gomes. O avançado português bisou nos 15 minutos que esteve em campo dando o resultado final de cinco bolas a uma para os encarnados. O capitão português é já um caso de estudo, com cinco apontados em menos de 90 minutos.

A noite tinha tudo para acabar num clima tranquilo. O jogo não foi difícil de gerir a qualquer equipa, foi uma partida agradável e sem grandes dores de cabeça para o árbitro Artur Soares Dias. Infelizmente, há problemas extrafutebol que acabam por manchar sempre o desporto afetando e prejudicando gravemente a sua essência.

O presidente encarnado, Luís Filipe Vieira, foi ontem apedrejado na A41, quando seguia na sua viatura em direção à capital Lisboa. Os objetos terão sido atirados de um viaduto ‘esquecido’ pela GNR. O dirigente máximo do Benfica e o seu motorista acabaram mesmo atingidos e ligeiramente feridos e foram assistidos no local.