Falar sozinho não é maluqueira, até faz bem à saúde mental

É mentira que falar sozinho seja sinal de perturbação mental, ainda que ligeira. A ciência já encontrou várias provas de que este hábito até ajuda à saúde mental, estimulando o acesso a memórias ‘escondidas’ e melhorando a concentração, com reflexos num aumento da autoconfiança.

As provas estão num estudo feito em 2012, na Universidade de Wisconsin (EUA). Dos dois grupos participantes, os que diziam em voz alta o nome dos objetos que viam num ecrã foram mais rápidos a identificar (no mesmo ecrã) esses objetos do que o grupo que ficava a olhar em silêncio.

“Dizer um nome em voz alta é uma poderosa ferramenta de memória, é como uma placa a indicar uma informação ao nosso cérebro. Ouvir o nome exagera algo que normalmente acontece quando pensamos em alguma coisa e a linguagem impulsiona este processo”, resume o psicólogo Gary Lupyan, o investigador que coordenou esse estudo.

De acordo com os cientistas, ao falar sozinho – neste caso, associando uma palavra a um objeto – permite ao cérebro trabalhar mais informação.

“O diálogo interno na segunda ou terceira pessoa não nos ajuda apenas a controlar o stress e as emoções, também contribuiu para que tomemos decisões mais sensatas”, reforça Ethan Kross, investigador que participou num estudo realizado, em 2014, pela Universidade de Michigan (EUA).

Esse ensaio abordou a relação entre o hábito de falar sozinho e a autoconfiança. Falar na segunda ou terceira pessoa permite um maior controlo do que falar na primeira pessoa, para além de aumentar as sensações de tranquilidade, confiança e produtividade, demonstraram os cientistas.

Era já nesse sentido a principal receita de Anne Wilson Schaef: falar sozinho. Quando um paciente revelava em voz alta o que o incomodava, os sentimentos de desconforto e de raiva diminuíam.

“Todos nós precisamos de falar com alguém interessante, inteligente, que nos conhece bem e está do nosso lado”, argumenta a psicoterapeuta: “Essa pessoa somos nós”.

Eugene Gamble, durante muitos anos um ‘simples’ dentista em Londres (Inglaterra), afirma, numa reportagem da BBC, ser um exemplo de que falar sozinho é bom para a saúde mental.

Este britânico entrou no mundo empresarial depois de um consultor de negócios o ter ensinado a falar sozinho em voz alta.

“Foi estranho porque era algo novo para mim. Não acreditei que podia funcionar, mas quando tentei pareceu perfeitamente lógico”, reconhece Gamble, que agora é empresário e consultor imobiliário.

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