Autor: Ana Regina Ramos
Sabem aquela típica conversa (de lamento, na minha opinião) de portugueses: “Como estás?”; “Ah! Vou andando…”? Eu sinto que se reflete muito na situação de desemprego jovem que Portugal atravessa.
No primeiro trimestre deste ano o desemprego jovem atingiu os 25,1%. A somar ao desemprego, para aqueles que tiveram a felicidade de o encontrar, estão condições precárias, baixos salários, trabalhos temporários e instáveis, etc.
Ora, realmente, o cenário que aqui tracei e que é real não é feliz, mas, digam-me uma coisa: não são os jovens (toda a gente pode ter uma mente jovem, mas aqui refiro-me mesmo a pessoas com menos de 30 anos) que têm uma maior capacidade e vontade de mudar as coisas? Não são eles que, na sua maioria, estudaram e querem agora pôr em prática os seus conhecimentos? Não são eles que têm imensas ideias e, muitas vezes, são até empreendedores e têm o desejo de mudar o mundo? Os jovens são quem tem a “faca e o queijo na mão” do futuro do país e do mundo. E isto não é colocar muita responsabilidade em cima dos seus ombros. Eu faço parte do grupo das pessoas que acredita na força dos jovens e que eles não estão sentados à espera que tudo caia do céu. Mas acho também que é preciso atitude!
Vamos lá analisar o que os jovens têm à sua disposição para fazer acontecer. É certo que vivemos na era da globalização, em que uma boa parte da nossa vida é passada online: segundo um estudo da Marktest do ano passado, os jovens entre os 15 e os 24 anos passam mais de duas horas por dia nas redes sociais. Então, por que não usar isso em seu proveito para divulgar o seu trabalho e dar-se a conhecer a possíveis empregadores? Hoje em dia, uma boa parte dos empresas já se encontra online – segundo o mesmo estudo, cerca de 70% já tem página no Facebook e 53% no LinkedIn – por isso, é uma ótima ideia apostar na internet/redes sociais, mas de uma forma inteligente. Isto, em parte, já acontece, mas o trabalho dos jovens não deve ficar por aqui, porque, mesmo assim, as oportunidades não aparecem do nada e uma boa forma de escavar até encontrar um tesouro é o empreendedorismo.
Startup para aqui, startup para ali… Quando cheguei ao meio universitário, nem fazia ideia do que isso significava, até que entrei, coincidência das coincidências, para um Núcleo de Empreendedorismo e fiz várias entrevistas a startups em desenvolvimento. E dando uma volta pelas faculdades, dá para perceber que são autênticas fábricas de ideias e só não avança seriamente com uma quem não quiser. Mas vamos a números: dos jovens com menos de 35 anos, 78% mostram-se motivados e com vontade de desenvolver o seu próprio negócio, mas deixem-me que vos diga que, segundo o estudo AGER 2016, da Amway Global Entrepreneurship Report, o valor cai drasticamente quando toca à real capacidade (ou se preferirem, à coragem) de criar esse negócio. Lá está, vontade há, mas depois força para avançar é que não. Eu acredito que “quem não deve não teme” e, por isso, há que arriscar e os jovens estão na idade certa para isso e existem mesmo muitos apoios e associações que ajudam quem se quer “lançar aos tubarões”: Empreende Já, INOVA, Anje, ISEP.Start, IAPMEI, Programa Investe Jovem, RPGN (Rede de Perceção e Gestão de Negócios) e muitos outros.
Com isto não quero dizer que só está desempregado quem quer, mas quero sim, mostrar que os jovens não devem pactuar com o fatalismo, característico das conversas de português, e sim pôr as mãos na massa, mesmo que isso custe não usar mais unhas de gel!
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