A diabetes, em especial a de tipo 2, é uma doença mais propícia a ocorrer nos grupos socioeconómicos mais desfavorecidos, concluiu uma especialista em geografia de saúde. Na primeira das conferências do ciclo “Diabetes Século XXI”, promovido pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal e que hoje teve início, Paula Santana demonstrou que fatores como o desemprego, as dificuldades no acesso aos serviços de saúde, a baixa escolaridade e as más condições de habitação podem potenciar os casos de diabetes.
Paula Santana explicou, à Lusa, que o impacto dos fatores socioeconómicos varia consoante os tipos de diabetes, pois a diabetes de tipo 1 é genética, explicou. Contudo, vários estudos comprovaram que fatores como a obesidade e o sedentarismo contribuem para o desenvolvimento da doença.
A diabetes de tipo 2, continuou a especialista, “tem vindo a revelar-se como uma patologia associada a grupos socioeconómicos mais desfavorecidos, sendo a sua prevalência mais elevada em indivíduos e contextos de privação socio-material ou ausência de estilos de vida saudáveis, como a prática de atividade física, ou com dificuldades no acesso aos cuidados de saúde”.
O surgimento desta diabetes pode ser retardado através da prevenção, nomeadamente combinando uma perda de peso moderada com o aumento da atividade física, cujos resultados podem diminuir o risco de incidência até 60 por cento, mesmo em indivíduos geneticamente vulneráveis ou de alto risco.
“Intervenções que têm uma forte componente de educação para comportamentos e estilos de vida saudáveis podem atenuar o impacto das desigualdades sociais no desenvolvimento da diabetes”, complementou Paula Santana, sublinhando que a mudança desses fatores só será possível em ambientes que criem oportunidades para comportamentos saudáveis.
Daí que, recomenda esta especialista em geografia de Saúde, o principal investimento deve recair na prevenção, pois qualquer programa público será mais barato do que os custos de tratar a pessoa quando ela ficar doente: “é este o desafio para os próximos anos: gastar melhor na prevenção para gastar menos no tratamento, já que a tendência crescente é de aumento da incidência”.
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