A líder da União Democrata-Cristã (CDU), Annegret Kramp-Karrenbauer, recusou hoje qualquer cooperação com a extrema-direita da Alternativa para a Alemanha (AfD), depois de dois membros do partido terem admitido essa possibilidade.
A imprensa alemã já tinha noticiado que a direção do partido conservador aprovou uma resolução rejeitando qualquer cooperação com a AfD e afirmando que “recorrerá a todos os meios disponíveis para executar a decisão”.
Ambas as tomadas de posição surgem depois de dois membros do partido, Ulrich Thomas e Lars-Jörn Zimmer, vice-presidentes da bancada da CDU no parlamento regional da Saxónia-Anhalt (centro-leste), terem defendido, num documento interno, que os eleitores da CDU e da AfD têm aspirações semelhantes, que a AfD tem membros radicais mas também outros mais liberais e que futuros acordos entre as duas formações não devem ser excluídos.
AKK, como é conhecida nos meios políticos alemães, considerou impensável a CDU, o partido da chanceler Angela Merkel, ter algum tipo de cooperação com um partido que não se demarca claramente de extremistas e evocou o recente homicídio de Walter Lübcke, um eleito local morto por um presumível simpatizante da extrema-direita.
“Peço a todos os que falam de cooperação que fechem os olhos por um momento, pensem em Walter Lübcke e se questionem se a CDU pode trabalhar conjuntamente com um partido como a AfD”, disse AKK num debate na televisão pública alemã ARD.
Para a líder da CDU, a ala mais extremista da AfD é indiretamente responsável pelo crime dada a sua agressiva retórica anti-imigração.
“Qualquer membro da CDU que fale de cooperação tem de se questionar sobre como consegue conciliar essa ideia com a sua consciência. Eu não consigo”, afirmou.
O tom de AKK é semelhante ao da resolução aprovada pelo partido, que sublinha que “a difamação pessoal pode conduzir a ameaças de morte, atos de violência e mesmo assassínios”.
“Quem quer que, no seio da CDU, defende a aproximação ou mesmo a cooperação com a AfD, deve ter presente que fala de um partido que tolera as ideias da extrema-direita, o antissemitismo e o racismo nas suas fileiras”, lê-se na resolução, citada na imprensa.
A AfD é a principal força da oposição na câmara baixa do parlamento (Bundestag).
Nas legislativas de setembro de 2017 obteve 12 por cento dos votos e elegeu 91 deputados (em 709), marcando a entrada, pela primeira vez desde o pós-guerra, da extrema-direita no Bundestag.
Três estados do leste alemão vizinhos da Saxónia-Anhalt – Brandenburgo, Saxónia e Turíngia – realizam eleições regionais em setembro e outubro e, segundo uma sondagem divulgada a 11 de junho pela emissora Deutsche Welle, a AfD está bem colocada e pode vir a governar um dos dois primeiros.
A sondagem, do instituto Forsa, coloca a AfD à frente da CDU em Brandenburgo e em empate com a CDU na Saxónia. Apenas na Turíngia a extrema-direita surge em terceiro, depois da CDU e d’A Esquerda.
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