Pelo menos 71 pessoas morreram no Brasil no ano passado devido a conflitos sobre terras no meio rural, divulgou hoje a Comissão Pastoral da Terra (CPT), organização católica que defende os direitos dos pequenos camponeses.
No seu relatório anual, a CPT diz que em 2017 se registou o número mais elevado de mortes nos últimos 14 anos e mais 10 vítimas do que no ano anterior.
A organização justifica este aumento com cinco massacres particularmente sangrentos.
Cita como exemplo a morte de nove camponeses, torturados e mutilados, numa zona isolada do estado do Mato Grosso (oeste).
Outros massacres fizeram dez vítimas no Pará (norte) e seis na Baía (nordeste).
Segundo a CPT, a violência aumentou após a chegada ao poder do Presidente Michel Temer em maio de 2016.
“Os conflitos e assassínios mostram (…) a prioridade que este Governo deu aos grupos económicos, proprietários de terras e empresas rurais que, tal como no passado, se comportam violentamente para garantir o seu domínio”, disse Paulo César Moreira, da CPT, citado pela France-Presse.
O número total de incidentes baixou 7 por cento entre 2016 e 2017, mas aumentou o número de conflitos sobre acesso à água, sobretudo nas zonas de exploração mineira.
No Brasil, os camponeses que trabalham pequenos lotes de terra são muitas vezes vistos como obstáculo à expansão do agronegócio.
Muitos deles acabam mesmo por morrer em operações levadas a cabo por grandes proprietários de terras, acusa a CPT.
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