O movimento “coletes amarelos” não desmobilizou perante o anúncio, hoje, do governo francês de suspensão de taxas e marcou nova manifestação para sábado, com o Presidente em queda de popularidade.
Por toda a França, os apelos para mobilizar um quarto sábado consecutivo de manifestações dos “coletes amarelos” foram mantidos.
O Presidente, Emmanuel Macron, alvo de todas as críticas pela sua política económica, viu o seu índice de popularidade cair 6 pontos, para 23 por cento, segundo uma sondagem hoje divulgada.
O chefe de Estado recebeu hoje durante uns minutos um “colete amarelo” no Palácio do Eliseu, mas ninguém revelou o teor da conversa.
Dois jogos de futebol da Ligue 1, PSG – Montpellier e Toulouse-Lyon, marcados para sábado, já foram adiados.
Eric Drouet, um dos membros mais conhecidos dos “coletes amarelos”, já convocou o movimento para “voltar a Paris” no sábado, “perto de locais de poder, dos Campos Elísios, do Arco do Triunfo, do Concorde”.
“As pessoas estão cada vez mais motivadas, estão a organizar-se, seremos ainda mais numerosos”, disse Drouet à agência France Presse.
Benjamin Cauchy, outra das figuras do movimento, reconheceu um “primeiro passo” nas medidas do governo.
Mas “os franceses não querem migalhas, querem a varinha na íntegra”, disse.
Envolto na crise provocada pelo movimento dos “coletes amarelos”, o governo francês anunciou hoje a suspensão de um aumento nas taxas de combustível para “trazer de volta o apaziguamento” ao país.
Mas as palavras do primeiro-ministro Édouard Philipp, não parecem ter tido grande efeito nos manifestantes, que prometem novas manifestações no próximo sábado.
“Nenhum imposto merece pôr em perigo a unidade da nação”, disse o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, em um discurso na televisão, acrescentando que “seria necessário ser surdo” para “não ouvir a raiva” dos franceses.
Segundo os analistas, este anúncio representa um revés para Emmanuel Macron, que, desde o início do seu mandato, fez questão de não ceder às ruas.
Depois de receber sindicatos e políticos segunda-feira, Édouard Philippe apresentou hoje medidas que procuram “trazer calma e serenidade ao país”.
O plano para acabar com a crise inclui uma moratória de seis meses sobre o aumento dos impostos sobre os combustíveis, um congelamento das tarifas de gás e eletricidade neste inverno, e nenhum rigor na inspeção técnica dos carros antes do verão.
As medidas deverão conduzir a um aumento do défice de quase dois mil milhões de euros para as finanças públicas, equivalente a 0,1 ponto do PIB, mas “o curso da redução da dívida será mantido”, assegurou na sequência o ministro das Finanças, Bruno Le Maire, procurando tranquilizar os seus parceiros europeus.
Os empresários já se congratularam hoje com esta medida governamental.
“Os anúncios do primeiro-ministro abriram a via do diálogo”, afirmou Alain Griset, presidente da União de empresas de proximidade, representando artistas, comerciantes e profissões liberais.
Quem se juntou à polémica foi o Presidente dos EUA, que hoje ‘retweetou’ uma entrada de um analista conservador, que relatava que nas manifestações em França se canta: “Queremos Trump!”.
“Há tumultos na França socialista por causa de impostos da esquerda radical”, colocou o comentador Charlie Kirk na rede social Twitter, sendo replicado por Donald Trump.
O comentador concluía que “a América está a prosperar, enquanto a Europa está a arder”, para aparente agrado do Presidente dos EUA.
O Presidente francês cancelou uma visita à Sérvia, programada para quarta-feira, e foi hoje visitar a Prefeitura de Puy-en-Velay, que foi incendiada no passado sábado, após uma manifestação de “coletes amarelos”.
Para o próximo sábado, mais manifestações estão marcadas e o ministro do Interior francês, Christophe Castaner, prometeu reforços policiais, muito superiores aos que foram destacados no dia 01 de dezembro.
“Vamos mobilizar as forças em 65 mil elementos”, disse o ministro em audiência na Comissão de Leis do Senado.
Nicolas Hulot, um conhecido ativista ambiental, também já veio avisar que a manifestação marcada para sábado acontece numa altura pouco aconselhável.
“Na minha opinião, que apenas me implica, acho que este é um mau momento para estas manifestações, pela confusão de mensagens”, disse Hulot, referindo-se à coincidência de datas com a Conferência do Clima, que se realiza na Polónia.
Desde os tumultos violentos em todo o país no sábado – incluindo saques e incêndios em bairros chiques e simbólicos de Paris – que chocaram o mundo, o governo francês está envolvido numa corrida contra o relógio para tentar conter os danos.
Quatro pessoas morreram e centenas ficaram feridas desde o início das manifestações, em 17 de novembro.
Em consonância com o compromisso assumido na semana passada pelo presidente Emmanuel Macron, uma ampla consulta será realizada nos próximos três meses, confirmou hoje o primeiro-ministro.
Cidadãos, sindicatos, representantes locais eleitos, parlamentares e associações foram convidados a “dialogar” sobre as reclamações expressas nas últimas semanas, especialmente na área tributária, pelo movimento “coletes amarelos”.
Depois de ser lento a medir a profunda raiva popular, o executivo teve muitas dificuldades para abrir o diálogo com os “coletes amarelos”, um movimento atípico, nascido de redes sociais, sem líder ou estrutura.
Os anúncios do governo podem não ser suficientes para acalmar a ira dos manifestantes.
Se os manifestantes, hoje, decidiram levantar o bloqueio do depósito de petróleo em Brest (oeste), julgando “satisfatórias” as concessões do executivo, muitas outras continuam as suas ações.
“Eles fazem isso para que nos levantemos e vamos para casa, mas não vamos parar”, disse hoje Lionel Rambeaux, soldador, num dos bloqueios a uma bomba de gasolina à saída de Le Mans (centro-oeste).
Politicamente, o caso foi hoje aproveitado para declarações de oposição.
“Muito pouco e muito tarde”, disse o vice-presidente do Partido Republicano (à direita), Damien Abad.
“Nada para melhorar o final do mês, nada no Smic (o salário mínimo), nada em pensões, nada na ISF”, o imposto sobre a riqueza que os manifestantes chamam para restaurar, denunciou Ian Brossat, líder do Partido Comunista.
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