Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) manifestaram-se hoje preocupados com o “elevado índice” e “fins trágicos” de violência doméstica sobre a mulher, apelando à “atenção de toda sociedade” para estes casos.
“Aproveitamos para manifestar a nossa preocupação pelo índice elevado de casos de violência doméstica, muitos os quais com fins trágicos, são muitas as mortes, os homicídios fruto da violência doméstica, é algo que deve merecer a atenção de todos”, disse hoje o presidente da CEAST, Filomeno Vieira Dias.
Falando hoje, em Luanda, na abertura da primeira Assembleia Ordinária dos bispos da CEAST de 2019, o também arcebispo de Luanda defendeu que as pessoas “devem aprender que agredir uma mulher ou qualquer outra pessoa é crime”.
“Agredir uma mulher é atingir a maternidade, a mãe. Achamos que isso deve mudar e nós, cristãos e não cristãos, devíamos estar mais atentos a esta situação e denunciá-la. É preciso dizer basta e pôr termo a uma vida de sofrimento”, sublinhou.
Na assembleia da CEAST, que decorre até 20 de março, em Luanda, Filomeno Vieira Dias defendeu ser necessário “pôr um basta e denunciar” os crimes de violência doméstica que continuam a ser registados na sociedade angolana.
“É preciso denunciar o sofrimento silencioso de muitas famílias, um sofrimento silencioso fruto da vergonha, fruto da simplicidade criminosa de muitos de nós. É preciso denunciar esta situação, é preciso dizer basta. A mulher merece ser feliz, ninguém merece ser infeliz. Temos de mostrar à nossa sociedade o que é uma relação saudável, tem de haver este princípio muito rigoroso que é não à agressão”, insistiu.
Segundo o presidente da CEAST, a assembleia vai também “dedicar e concentrar a atenção” na temática sobre a “proteção de menores na igreja”, assunto discutido em fevereiro, em Roma, entre o Papa Francisco e os presidentes das conferências episcopais do mundo.
Filomeno Vieira Dias disse que, no encontro de Roma, tratou-se das “responsabilidades pastorais e jurídicas dos bispos e dos superiores maiores”, afirmando que os bispos angolanos “são chamados a terem consciência” sobre o assunto.
“Somos chamados a tomarmos consciência de que a transparência representa o nosso futuro, é a nossa carta de identidade e de credibilidade, devemos saber enfrentar os nossos pecados e não procurar fazê-los desaparecer como se não existissem”, frisou.
“Devemos, enquanto pastores, tudo fazer para que se renove a confiança nas pessoas consagradas, rosto de Cristo no mundo”, observou.
A aprovação do novo regulamento da CEAST, o relatório das dioceses, o I Congresso Nacional do Clero angolano e a homenagem a D. Alexandre do Nascimento, único cardeal angolano, são alguns dos temas que estarão em reflexão na assembleia.
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