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‘Bazuca’ de fundos europeus “é uma receita para a agitação social”, avisa perito alemão

Daniel Stelter, economista alemão perito em crises económicas e financeiras, mostrou muito ceticismo sobre a ‘bazuca’ de fundos europeus contra a crise da covid-19, no valor de 750 mil milhões de euros.

Em entrevista à Renascença, Stelter garantiu estarmos perante “um projeto falhado”.

“No curto prazo é necessário empurrar o dinheiro para os mercados financeiros e a economia, para evitar o colapso. E isso funcionou. Mas, por princípio, sabemos que apenas fornecer mais dinheiro não é a solução para os problemas. Ajuda a esconder os problemas e a ganhar tempo, mas normalmente os problemas aumentam”, avisou.

O perito alemão lembrou que os bancos centrais “intervêm em todas as crises” desde a década de 1980 e… as crises continuam a suceder-se.

“As pessoas assumiram cada vez mais dívidas em empresas que acreditaram que seriam resgatadas, caso houvesse problemas. E foram resgatadas! Foi assim que a dívida cresceu mais rápido do que antes, aumentou a fragilidade do sistema e conduziu ao aumento da frequência de crises”, resumiu.

Assim, a ‘bazuca’ de fundos europeus é vista pelo economista como um perigo e não como um alívio financeiro.

“Este dinheiro vem com custos ocultos. Pode haver inflação, pelo menos nos preços dos ativos, e aqueles que chegarem primeiro ao dinheiro serão os vencedores. Os perdedores tendem sempre a ser as pessoas com menos rendimentos e menos ativos. Isto é uma receita para a agitação social”, frisou Daniel Stelter.

Com o Fundo de Recuperação, a União Europeia abre a porta à possibilidade “de assumir dívida no resto do mundo, onde a crise da dívida está a ser combatida com mais dívida”.

Quanto aos 750 mil milhões de euros, “não é suficiente para estabilizar a UE e salvar o euro”, salientou o perito alemão, crente de que em breve “veremos mais biliões” a serem ‘despejados’ em programas europeus.

O economista, especialista em crises económicas e financeiras, alertou ainda para os custos de um novo confinamento.

“Perante uma nova vaga, suponho que não teremos um confinamento idêntico, isso seria tão prejudicial para as economias que levaria uma década para compensar as perdas”, sustentou.

“Estávamos à beira de uma Grande Depressão, principalmente devido aos altos níveis de endividamento do sistema. Isso foi evitado, graças a – outra! – ronda de intervenções dos bancos centrais. E o que vemos? A dívida está de novo a crescer. Está a ser criada a base para a próxima crise”, concluiu.

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