A 3ª edição do RallySpirit Altronix levou à vila do Coronado (S.Romão) muitos aficionados, ‘sedentos’ por ver em ação Ari Vatanen, Armindo Araújo, Rui Madeira e muitos outros aos comandos de máquinas que fizeram as delícias de outros tempos, num evento em que também alinhavam alguns bólides da atualidade.
Depois da super especial noturna de sexta-feira em pleno Mosteiro da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, um sábado de sol recebeu pilotos e máquinas nas classificativas de asfalto da zona de S. Romão do Coronado.
Tão importante como o espetáculo desportivo proporcionado pela organização da Xikane e do Clube Automóvel de Santo Tirso foi o ambiente de descontração que é também já uma das imagens de marca do evento. Os espectadores tiveram o invulgar privilégio de conviverem informalmente com os seus ídolos, muitos aproveitando para tirar“aquela ‘selfie’ com o seu carro preferido como pano de fundo, fosse ele um elegante Alpine-Renault, um vestuto Fiat 131 Abarth, um respeitável Renault 5 Turbo, um venerável Lancia 037 ou uns mais comuns, mas sempre admiráveis Ford Escort ou Porsche 911 de diferentes gerações, sem esquecer a célebre Renault 4 L que fez algumas provas do Campeonato do Mundo de Ralis e não podia também deixar de lançar o seu charme no RallySpirit Altronix.
Não é todos os dias que se vê em ação um ex-Campeão do Mundo de Ralis como Ari Vatanen, a guiar um mítico Ford Escort WRC. Não é todos os dias que se assiste ao regresso à atividade de um Bicampeão do Mundo de Ralis (PWRC), como Armindo Araújo, ou de um Campeão do Mundo FIA de Grupo N, como Rui Madeira. À parada de estrelas juntaram-se mais três campeões nacionais de ralis – Adruzilo Lopes, Bernardo Sousa e Pedro Meireles -, numa lista de ilustres nomes do automobilismo, sempre prontos para dar o seu contributo para um espetáculo de luxo.
Mas foi, naturalmente, Vatanen que concentrou as maiores atenções, com aquele que é um dos expoentes máximos da geração dos míticos ‘finlandeses voadores’ a mostrar-se plenamente satisfeito com este regresso a Portugal. “Gostei muito de voltar a Portugal, num rali bem organizado, com bons troços e um excelente ambiente. Foi ótimo sentir que a paixão pelos ralis continua viva em Portugal, com um público conhecedor e entusiasta, assim como voltar a guiar o Ford Escort WRC, que me tinha acompanhado nos últimos anos da minha carreira de WRC. Claro que o ritmo já não foi o mesmo, até porque estava no RallySpirit para dar espetáculo e não para lutar contra o cronómetro, mas, mesmo assim, só posso dizer que me diverti imenso”, revelou, à chegada a Vila Nova de Gaia, o piloto de 65 anos e que ostenta o título de Campeão do Mundo de Ralis de 1981.
Também para Armindo Araújo, a estrela portuguesa de ralis com melhor palmarés internacional, o RallySpirit Altronix foi uma excelente oportunidade para reviver as sensações únicas que os ralis proporcionam. O Bicampeão do Mundo de PWRC levou ao rubro o público com a sua condução espetacular, num Mitsubishi Lancer Evo IX igual ao que conquistou os dois títulos mundiais.
“Relembrei o ambiente e a popularidade dos ralis, que tem tudo a ganhar com este tipo de ‘rally-legends’, um conceito que está a vingar por toda a Europa. Pessoalmente, deu-me gozo regressar, mas foi apenas um regresso esporádico, pois só admitiria voltar ao ativo integrado numa equipa oficial e não tenho planos para isso”, explicou o piloto de Santo Tirso.
No capítulo desportivo, a prova contou, também, com todos os ingredientes de sucesso, nas nove Provas Especiais de asfalto disputadas entre Gaia e Coronado. Na Categoria “Históricos”, a luta pela vitória esteve sempre ao rubro, mas o triunfo final terminou nas mãos da dupla Valter Gomes/Fábio Santos, cujo Porsche 911 RSR levou a melhor sobre Opel 1904 SR de Pedro Couceiro/António Duarte, ainda que, com a magra diferença de 4.0s, após uma fantástica recuperação da dupla do Porsche, que se atrasou no primeiro dia de prova. O pódio ficou completo com a equipa espanhola Julio Borja/Adrian Vazquez, em Porsche 911 SC, uma das muitas que chamou à estrada uma grande afluência de galegos.
Na Categoria ‘Spirit’, Pedro Leal vingou a derrota do ano passado, dominando de fio a pavio, sempre com Isabel Ramalho como navegadora e contando com os fieis serviços e rápidas prestações do Mitsubishi Lancer Evo VI. Mais animada foi luta pelo segundo lugar, que chegou a envolver os Ford Escort MK II de Eduardo Veiga e Gonçalo Figueiroa, bem como o Citroën ZX Kit Car do espanhol Emílio Vazquez e o Citroën C2 S1600 de Luís Delgado. Acabaria, de resto, por ser precisamente Luís Delgado (navegado por André Carvalho), a assegurar, na última classificativa, o lugar intermédio do pódio, com uma escassa vantagem de 1.1s sobre o Escort de Veiga, após mais de 40 km disputados ao cronómetro.
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