O ex-primeiro-ministro José Sócrates considerou “absolutamente inesperada” a decisão de acabar com os debates quinzenais no Parlamento, responsabilizando diretamente António Costa e Rui Rio, líderes de PS e PSD.
“Talvez a verdadeira razão seja a de que nenhum dos dois líderes goste da estética e da eloquência parlamentar e dos que estas significam no debate político. Sim, pode ser apenas isso – afinal, nenhum dos dois é um grande orador”, provocou Sócrates, num texto que publicou nas redes sociais.
O interesse principal de Rui Rio no fim dos debates quinzenais é, para o ex-primeiro-ministro, é acabar com a ‘gritaria’”, uma vez que o líder do PSD vê no debate parlamentar “um exercício ocioso”.
“Já o líder do Governo acompanha o seu opositor de forma mais subtil”, continuou José Sócrates, que quando foi primeiro-ministro teve António Costa como ministro.
“Para ele trata-se de evitar o espírito de confronto que não deixa margem para a negociação, para o diálogo e para os necessários consensos tão necessários à vida política”, argumentou.
“Bem vistas as coisas, os debates quinzenais aparecem-nos, agora que vão acabar, como um breve episódio na vida parlamentar, uma espécie de contra-cultura que não foi suficiente para alterar o desdém e a desconfiança que o Parlamento sempre enfrentou na vida política. Mas talvez esteja a ver as coisas com excessivo melindre democrático”, finalizou José Sócrates.
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