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Antigos presos dizem que tardava Museu da Resistência e da Liberdade em Peniche

A instalação do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade na Fortaleza de Peniche era aguardada há 43 anos pelos antigos presos que por lá passaram ao longo de quase meio século da ditadura em Portugal.

A Fortaleza de Peniche “é praticamente o único símbolo da resistência ao fascismo”, disse Domingos Abrantes, o antigo preso político que mais anos esteve encarcerado.

O histórico comunista, membro do comité central do PCP, recordou uma resolução do Conselho de Ministros de 1976, em que o Governo da altura decidia que nesse espaço seria erguido um museu nacional.

“Passaram 43 anos e não podemos deixar de nos interrogar porque é que não temos o museu. Não foi por acaso e foi deliberado”, lançou Domingos Abrantes.

Depois de vários projetos para aí previstos, após pressão da Assembleia da República na sequência de manifestações contra a inclusão do monumento na lista do património a concessionar pelo Estado para fins turísticos, em abril de 2017 o Governo optou por investir 3,5 milhões de euros na instalação do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade.

“Ainda não temos o museu, mas agora o processo é irreversível”, concluiu o antigo preso, satisfeito com o desfecho “feliz” da luta entre 2016 e 2017 para travar que aquelas paredes e edifícios prisionais, pejados de memórias vivas de presos e respetivas famílias que por lá passaram, fossem demolidos ou utilizados para dar lugar a um hotel de luxo.

“De todos os símbolos do fascismo só restava este e este esteve também ameaçado de desaparecer e o facto de estar de pé é uma conquista”, sublinhou o resistente antifascista.

“Hoje é uma grande alegria chegar aqui, 45 anos depois, e ver os edifícios a serem pintados e a ser recuperados para serem parte integrante do futuro museu”, afirmou José Pedro Soares, outro dos antigos presos que ainda se encontram vivos.

De lágrimas nos olhos, para este antigo preso político “é muito importante perpetuar para o futuro e sobretudo para as novas gerações o que foi o fascismo e a luta pela liberdade e haver esse testemunho para memória futura”.

Ambos consideraram que as palavras “resistência” e “liberdade” não podem estar dissociadas, pois o 25 de Abril de 1974, conhecido também como a ‘Revolução dos Cravos’, “não teria existido sem os 48 anos de resistência”.

Dos cerca de 2.400 presos que estiveram em Peniche e que, no próximo dia 25 de abril, vão ver erguido um memorial com todos os seus nomes gravados, restam cerca de 50 sobreviventes.

Neste sentido, defenderam a necessidade de um museu para preservar a memória desse período da História de Portugal e recordá-lo às novas gerações.

Lusa

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