A reintrodução do lince ibérico em Portugal depende da evolução da população de coelhos bravos: são estes o principal alimento de um felino que, por enquanto, (sobre)vive apenas em centros de recuperação.
O aumento da população de coelhos, registado pelas autoridades, levou o secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, a revelar que está em estudo a hipótese de libertar na natureza os linces ibéricos criados em cativeiro ainda este ano.
“Gostaríamos muito de libertar linces no outono”, admitiu o governante, citado pela agência Lusa.
“Neste momento, os dados que estamos a receber indicam que a população” de coelhos bravos “está a aumentar e previsivelmente a todo o tempo irá proceder-se à reintrodução do lince”, complementou.
As declarações foram proferidas à margem da assinatura do Pacto Nacional para a Conservação do Lince Ibérico em Portugal, um documento acordado na comissão executiva que acompanha a preservação da espécie, constituída pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), por membros da academia, das organizações de sectores como caça e a agro-pecuária e organizações não-governamentais do ambiente.
O objectivo deste pacto é apelar a todos os portugueses, em especial aos que estão relacionados com a agricultura e a caça, para participarem na criação de condições de habitat para o regresso do lince ibérico, uma das espécies mais ameaçadas no mundo.
Miguel de Castro Neto salientou ainda que as zonas de Mértola, Moura-Barrancos e Serra da Malcata estão a ser trabalhadas para que, quando o lince ibérico for reintroduzido, as hipóteses de sucesso sejam as mais altas possíveis.
“Neste momento, as duas mais próximas da reintrodução são Moura-Barrancos e Mértola”, acrescentou ainda o secretário de Estado, evocando uma reunião da comissão técnica ibérica, realizada no final do ano passado, em que “foi decidido que a zona que reunia melhores condições para a reintrodução do lince em Portugal era Mértola”.
“Apesar de manter o esforço de melhoria do habitat e de monitorização das condições nas várias zonas, o investimento está a ser feito tendo em vista a reintrodução em Mértola”, frisou o governante.
Na mesma reunião foi apontado o mês de junho para proceder à libertação na natureza dos linces criados em cativeiro, mas o programa foi adiado para uma data a designar.
“Foi considerado mais importante garantir que a população de coelhos aumentava de uma forma sustentável e protelar um pouco a reintrodução” do que avançar “sem ter a certeza absoluta que as condições de habitat estavam garantidas”, explicou Miguel de Castro Neto.
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