Lembra-se do cavaleiro tauromáquico que investiu contra um grupo de manifestantes antitourada, na Murtosa? O vídeo do ataque tornou-se viral, foi reproduzido nas televisões, mas não serve de prova. Um juiz do Juízo de Instrução Criminal de Aveiro deliberou não pronunciar o arguido, Marcelo Mendes, por “falta de provas”.
“Em julgamento, o arguido seria certamente absolvido ou, pelo menos, a absolvição seria muito mais certa do que a condenação”, refere o despacho de não pronúncia, a que a Lusa teve acesso.
O caso remonta a setembro de 2012, quando cerca de 40 manifestantes protestavam contra a realização de uma tourada na Murtosa. Marcelo Mendes usou o cavalo para investir contra as pessoas, sendo acusado pelo Ministério Público da prática de um crime de coação na forma tentada.
Para o juiz, a tese de que o cavalo se assustou com os “apupos, injúrias e arremesso de vários objetos”, num momento de “muita tensão”, foi considerada “verosímil”.
“Apesar de se tratar de um animal altamente treinado e habituado a situações de stress, não deixamos de estar perante um animal irracional, pelo que admitimos como possível que, no caso concreto, o cavalo se tenha assustado com as palavras de ordem gritadas pelos manifestantes e com os objetos arremessados e, por esse motivo, tenha investido contra as pessoas presentes sem que o arguido o tenha conseguido controlar”, refere o acórdão.
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