Aos 65 anos, Les Milne morreu, vítima da doença de Parkinson. A mulher, Joy Milne, sentiu uma alteração no marido: o cheiro. Assim que a doença foi diagnosticada, Les passou a exalar um odor diferente. E Joy está agora a colaborar com a Universidade de Edimburgo, Manchester e Londres, e a associação Parkinson’s UK, para ajudar na deteção da doença através dessa faculdade humana. Veja o vídeo.
A história começa com o diagnóstico da doença de Parkinson. Les Milne tinha 45 anos. Nessa altura, e de forma gradual, a mulher, Joy Milne, começou a sentir ligeiras alteraçoes do odor. “O cheiro dele mudou. Não de forma radical, mas muito ligeira”, conta.
A escocesa não fez uma associação imediata entre o odor do marido e a doença. Só mais tarde, quando passou a frequentar uma instituição de apoio a pacientes, a Parkinson’s UK, notou que outros doentes exalavam o mesmo cheiro.
Joy Milne deu mais um passo. Contactou alguns investigadores, da Universidade de Edimburgo. E a sua capacidade de distinguir pessoas saudáveis de pessoas com Parkinson foi colocada à prova.
“Quando testámos Joy Milne, recorremos a seis pessoas saudáveis e a seis pessoas doentes. A cada uma delas, e durante um dia, foi vestida uma camisola, que posteriormente foi dobrada, identificada e cedida a Joy, dentro de um saco. Joy teria de detetar quem teria a doença”, explica Tilo Kunath, investigador da Parkinson’s UK que tem uma ligação com aquela universidade.
Nos 12 casos que tinha para analisaar, Joy “acertou em 11”, o que deixou os investigadores “impressionados”. Mas, logo a seguir, dá-se um caso digno de realce: o erro de Joy, afinal, não o era, uma vez que a ‘pessoa saudável’, na verdade, tinha a doença, mas ainda não o sabia.
“Oito meses depois, esse homem disse-nos que lhe tinha sido diagnosticada a doença de Parkinson. Ou seja, Joy acertou nos 12 casos”, assinala Tilo Kunath.
Dadas as circunstâncias, o universo de estudo alargou-se e a Parkinson’s UK aprovou um financiamento para investigadores de outras universidades, de Manchester e Londres, além de Edimburgo.
A mulher de Les Milne está agora a colaborar com estas universidades e com aquela instituição. para ajudar na deteção da doença através da sua faculdade humana.
Neste momento, o estudo abrange um universo de 200 pessoas, pessoas com a doença e pessoas saudáveis (sendo que neste grupo poderá ser feito um diagnóstico precoce).
Uma das caraterísticas da doença de Parkinson é a dificuldade de diagnóstico precoce. “Os métodos de diagnóstico ainda são os mesmos que James Parkinson utilizava em 1817”, assinala Katherine Crawford, diretora da Parkinson’s UK.
Este não é o primeiro caso em que o odor ajuda os médicos. Recentemente, um cão foi capaz de fazer soar o alarme de um cancro, graças ao seu faro.
Em 2011, Diane Papazian, uma nova-iorquina de 56 anos, reparou que o seu cão insistia em farejar-lhe o peito de forma intensa. E a partir daí apercebeu-se da existência de um pequeno caroço no local onde o cão cheirava. Diane decidiu fazer uma mamografia e o pior diagnóstico confirmou-se.
Veja o vídeo com o relato de Joy Milne.
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