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Vida de resistência de Winnie Mandela evocada em cerimónia fúnebre

A África do Sul despediu-se hoje da ativista Winnie Madikizela-Mandela, segunda mulher do ex-Presidente Nelson Mandela, com uma cerimónia fúnebre em que se evocou a vida de sacrifício e o papel histórico na luta anti-‘apartheid’.

Com honras de Estado e militares, o caixão daquela que foi considerada a “mãe da nação” chegou na madrugada de hoje ao Estádio Orlando no Soweto, Joanesburgo, coberto pela bandeira sul-africana.

Ali se juntaram cerca de 40 mil pessoas, vindas de todos os pontos do país, que, durante as quase cinco horas que durou a cerimónia, encheram o recinto.

Na sua maioria, os populares apareceram vestidos de verde, amarelo e negro, as cores do Congresso Nacional Africano (CNA), que governa a África do Sul desde a chegada da democracia em 1994, mas também de roxo, em nome do movimento opositor EFF.

A cerimónia foi presidida por membros da família, com as filhas de Nelson e Winnie (Zenani e Zindini) à cabeça, junto do chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, e outras figuras do Governo e do CNA.

“Como muitos de nós, (Winnie Mandela) viveu com medo, dor e deceção e, no entanto, a cada dia, levantou-se com nobreza de espírito”, assinalou Ramaphosa.

O momento mais emotivo ocorreu quando intervieram as filhas da ativista, num discurso que evocou o sacrifico da mãe e criticou aqueles que nas últimas décadas quiseram manchar o nome de Winnie Mandela envolvendo-a em escândalos.

“Ela tomou a decisão de criar duas famílias, a sua família pessoal e a família mais ampla que era o seu amado país. Não havia contradição nisto porque amava a liberdade tanto como amava a sua família”, sublinhou Zenani Mandela.

Recordou ainda que a sua mãe se encarregou de manter vivo o nome de Nelson Mandela durante quase três décadas em que este permaneceu preso pelo regime racista sul-africano.

Nesse tempo, enquanto cuidava da sua família, Winnie Mandela manteve o seu ativismo até se converter num dos grandes exemplos femininos na luta contra a segregação racial.

Foi torturada, proscrita e detida em várias ocasiões da sua vida.

“Complementaram-se um ao outro mais do que alguma narrativa popular possa sugerir”, realçou Zenani Mandela.

Na cerimónia fúnebre estiveram presentes presidentes e primeiro-ministros do continente africano, como da Namíbia, Madagáscar, República do Congo e Zâmbia.

Estiveram também presentes líderes, como Graça Machel (terceira e última mulher de Nelson Mandela), ex-Presidentes sul-africanos e personalidades do mundo da cultura, como o ator britânico Idris Elba, que deu vida ao antigo chefe de Estado sul-africano no filme “Mandela: um longo caminho para a liberdade”, e a modelo Naomi Campbbell.

Cânticos, punhos ao alto e gritos “Winnie, Winnie” ecoaram sem pausa durante toda a manhã no estádio, debaixo de um sol abrasador que apenas deu tréguas na última meia hora do funeral.

Numerosos simpatizantes fizeram questão de seguir a caravana fúnebre na sua saída do Soweto, em direção ao cemitério Fourways Memorial, norte de Joanesburgo.

Winnie Madikizela-Mandela morreu em 02 de abril, aos 81 anos, após ter estado vários meses doente.

Winnie e Nelson Mandela casaram-se em 1958 e tiveram duas filhas, apenas uns anos antes de Mandela ter sido enviado para a prisão. O seu percurso valeu-lhe mais tarde o Prémio Nobel da Paz.

Lusa

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