O caso de uma jovem a quem foi implantado silicone da PIP foi tornado público, como forma de alerta às mulheres venezuelanas que tenha sido sujeitas a igual intervenção cirúrgica. Rita de Martino fez a operação em 2003, mas acabou por remover o silicone, num dos maiores pesadelos da sua vida.
Em declarações à agência Lusa, Rita de Martino revela que em fevereiro de 2011 teve de ser “operada de urgência”, em virtude da “ruptura dos implantes”. Após a realização de uma ecografia, que realizou com o objetivo de “descartar qualquer anomalia nos seios”, verificou que o implante do lado esquerdo “estava totalmente destruído”.
Depois de enfrentar este cenário alarmante, foi consultada pelo médico cirurgião, que mandou proceder a uma ressonância magnética. Este exame permitiu à jornalista Venezuela perceber a extensão do problema.
O implante mamário estava “roto” e dividido “por vários fragmentos”, com silicone espalhado na zona do peito. O clínico determinou que o implante fosse imediatamente removido, com uma limpeza da área afetada. Rita de Martino submeteu-se a esta intervenção em abril.
Os dois implantes da PIP foram removidos, mas o martírio não terminou aqui, porque as regiões afetadas tiveram de regenerar, segundo explica à Lusa. Este processo provocou problemas físicos mas também “danos emocionais”, sobretudo relacionadas com o receio de contrair cancro.
Recorde-se que o caso dos implantes da PIP foi suscitado em França, onde a morte de uma mulher foi associada ao silicone desta marca. O Governo francês emitiu um comunicado a aconselhar as 30 mil mulheres francesas que colocaram implantes mamários da PIP a proceder à remoção, “a título preventivo e sem qualquer caráter de urgência”.
O titular da pasta da Saúde, Xavier Bertrand, adverte que o silicone não é o indicado para aquele tipo de cirurgia (é industrial, contém produtos tóxicos e potencialmente mortais e apresenta um risco muito superior de rutura). Entre os potenciais perigos estão riscos de cancro, de rompimento e inflamações.
As mulheres que foram sujeitas a esta intervenção cirúrgica devem também, segundo o ministro da Saúde, “consultar o médico e cirurgião” responsáveis pelo processo. É também recomendada a realização de “exames clínicos e radiológicos”, com caráter preventivo.
No entanto, entretanto foi emitido um parecer do Instituto Nacional do Cancro, que nega que existam “riscos acrescidos de cancro” devido a este tipo de silicone.
As autoridades de saúde já detetaram oito cancros: cinco na mama, um linfoma raro no seio, um linfoma na amígdala de uma paciente e ainda uma leucemia. Nos últimos 18 meses, já foram retiradas cerca de 530 próteses da PIP.
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