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Tortura nos EUA: Médicos envolvidos no “tratamento desumano” de prisioneiros

O Instituto de Medicina George Soros denuncia que médicos e enfermeiros, ligados às Forças Armadas dos EUA, terão estado envolvidos na tortura de prisioneiros e de suspeitos de terrorismo. A prisão de Guantánamo volta a estar no foco de um escândalo.

Guantánamo: anos depois das denúncias de tortura praticada por militares, é a vez de médicos e enfermeiros serem envolvidos no escândalo. De acordo com um relatório do Instituto de Medicina George Soros, financiado pela Open Society Foundations, houve profissionais de saúde envolvidos no planeamento e execução de “tratamento desumano e degradante e em tortura cruel” dos detidos.

A Defesa e a agência já negaram as acusações, divulgadas após uma investigação que durou dois anos. Leonard Rubenstein, um dos investigadores, insistiu à BBC que o relatório evidencia o “legado de tortura e abuso de detidos” praticados na famosa prisão de Guantánamo “e em outras locais pela comunidade médica”, quase todos estabelecimentos prisionais. Há, também, relatos de práticas que ocorreram em cenários de guerra, como o Afeganistão.

Segundo o documento, no qual participaram militares, pessoal de saúde, ética e justiça, a cumplicidade entre a comunidade médica e as Forças Armadas teve origem logo após os atentados do 11 de setembro de 2011, na prisão de Guantánamo, em vários locais de detenção secretos da CIA e no Afeganistão. Os atos de abuso terão começado pela alimentação à força de detidos e prisioneiros, escalando posteriormente para atos de tortura.

“O que descobrimos foi que o Departamento de Defesa e a CIA realmente mudaram os padrões éticos fundamentais para facilitar a participação de profissionais de saúde no abuso de detidos e esses abusos ainda existem”, denunciou Leonard Rubenstein, especialista no Centro de Direitos Humanos e Saúde Pública na Escola Johns Hopkins Bloomberg de Saúde Pública, citado pela BBC.

“Um exemplo é o o uso de médicos para alimentar à força detidos usando para isso cadeiras de retenção muito coercivas de uma forma que viola os padrões de ética da Associação Médica Mundial e grupos médicos americanos. Outra prática é a participação de pessoal médico nos interrogatórios de forma a procurar vulnerabilidades dos detidos que os inquiridores possam explorar”, salientou o investigador.

O relatório apela ao Senado para investigar as práticas clínicas nas prisões e nos locais de detenção, algo a que a CIA e o Departamento de Defesa já se opuseram. “O relatório contém imprecisões graves e conclusões erradas. É importante ressalvar que a CIA não tem nenhum detido sob custódia e que Presidente Obama encerrou o programa de Rendição, Detenção e Interrogatório por ordem executiva em 2009”, respondeu um porta-voz da CIA, Dean Boyd.

Os médicos e enfermeiros que trabalham com detidos e prisioneiros são “profissionais consumados”, reforçou o porta-voz do Pentágono, Todd Breasseale, lembrando que “nenhum dos críticos dos cuidados aos prisioneiros teve acesso aos presos, aos registos médicos ou aos procedimentos em Guantánamo”.

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