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Tartarugas em Cabo Verde não estão a adaptar-se às alterações climáticas

A investigadora britânica Claire Tanner defendeu que as tartarugas marinhas em Cabo Verde não estão a adaptar-se às alterações climáticas como populações noutras geografias, resultando no nascimento de cada vez menos machos e pondo em risco a sua sobrevivência.

“Noutras populações e espécies, as tartarugas marinhas foram vistas a nidificar ligeiramente mais cedo ou em latitudes mais altas, porém isto não foi observado em Cabo Verde”, afirmou à agência Lusa.

Esta questão é importante porque a temperatura da areia onde as tartarugas marinhas depositam os ovos determina o sexo das crias, e locais mais quentes produzem mais fêmeas do que ninhos em areais mais frescas, explicou.

Um estudo publicado, no início de julho, na revista Marine Ecology Progress Series e intitulado “Estimativas de níveis elevados de fêmeas para a terceira maior agregação mundial de tartarugas marinhas” prevê que, a continuar o aquecimento global, em 2100, 99,86 por cento das tartarugas serão fêmeas em Cabo Verde.

Autora principal do estudo, realizado durante um mestrado na universidade de Exeter, Tanner refere que o aumento das temperaturas a nível global também foi sentido em Cabo Verde, onde nidifica a terceira maior população de tartarugas marinhas “Caretta Caretta”.

“A temperatura em que as tartarugas marinhas nascem tem a mesma proporção macho – fêmea é de 29,25 graus centígrados. No entanto, as atuais temperaturas de areia para Cabo Verde (entre 2012 e 2014) atingiram uma média de 30 graus centígrados para praias de areia clara e 31,9 para praias de areia escura, fazendo com que a proporção atual seja de 84,33 por cento do sexo feminino em todo o arquipélago”, adiantou.

A maior parte da nidificação das tartarugas marinhas em Cabo Verde é feita na ilha da Boa Vista, onde as areias são mais frescas, mas nas ilhas do Fogo, São Nicolau e Santiago o risco é que, dentro de 80 anos, deixem de nascer tartarugas machos devido às temperaturas elevadas e potencialmente mortíferas.

“Sem adaptação, a redução das crias machos pode significar uma redução dos adultos de sexo masculino, reduzindo potencialmente as subpopulações de forma exponencial. Espera-se que esta tendência seja vista noutras subpopulações, mas pode não ser tão pronunciada noutros locais devido a diferentes latitudes”, vincou a bióloga.

Tanner acredita que a sobrevivência da espécie a nível mundial não está, para já, em causa, mas refere que a continuação das tartarugas marinhas em Cabo Verde depende da adaptação às novas condições climatéricas, desovando noutras alturas do ano, porque a deslocação para areais mais frescos, como na costa ocidental africana, a cerca de 700 quilómetros, é muito longa e arriscada.

Em Cabo Verde há registo de uma média de 18.790 ninhos de tartarugas nos últimos 10 anos.

Lusa

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Lusa

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