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Sustentabilidade das pescas depende da diversificação e redução do consumo, defende Zero

A garantia da sustentabilidade dos ‘stocks’ de pescado, sem a penalização do setor e da economia portuguesa, está dependente da diversificação dos peixes capturados, mas também da redução do consumo por pessoa, defendeu o presidente da associação ambientalista Zero.

A proposta da Comissão Europeia, apresentada em outubro, que prevê a redução para metade da captura de carapau em Portugal “é surpreendente, porque havia a ideia da transição da pesca da sardinha para a do carapau, portanto, estamos a verificar que alguns ‘stocks’ estão a começar a ter problemas que não eram expectáveis”, defendeu Francisco Ferreira, em declarações à Lusa, a propósito do Dia Mundial da Pesca, que hoje se celebra.

Assim, segundo o presidente da Zero, para garantir a sustentabilidade do pescado e do setor, é importante que todos, desde o consumidor ao pescador, percebam “a vulnerabilidade deste tipo de espécies”.

Francisco Ferreira vincou ainda que a solução passa pela própria educação do consumidor “nas escolhas que faz no restaurante ou no mercado”, mas também por “uma pedagogia mais generalizada sobre a incorporação de pescado nos hábitos alimentares”.

De acordo com um artigo do Painel de Alto Nível para uma Economia do Mar Sustentável, apresentado esta terça-feira, em Roma, durante um simpósio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), os oceanos podiam fornecer seis vezes mais alimentos do que atualmente, através de uma melhor gestão e com a aplicação de inovação tecnológica.

O artigo ressalva que, “com as devidas reformas, as capturas de pesca poderiam aumentar 20 por cento em relação às pescarias atuais e 40 por cento em relação às capturas estimadas no futuro tendo em conta as atuais pressões de pesca”, mas destaca que “o grande potencial de aumento da produção alimentar encontra-se na expansão sustentável da aquacultura marinha (maricultura)”.

Questionado sobre esta possibilidade, o presidente da Zero notou que “é fundamental, mais do que investir em tecnologias para aumentar a produção, dar prioridade à proteção e à gestão dos oceanos”, ultrapassando problemas como os plásticos, as alterações climáticas ou a sobrepesca.

“O problema é que as tecnologias, por um lado, dão resposta […], mas, por outro, os recursos requeridos por muitas dessas tecnologias acabam por, indiretamente também prejudicar o ambiente”, destacou.

Nesse sentido, defendeu, a “FAO nem sempre tem uma visão suficientemente ampla” porque, feita uma contabilização de fatores como o uso de energia ou o impacto nos ecossistemas, a organização “acaba por ser exagerada nas expectativas” .

Desta forma é necessário que o consumo de proteína animal decresça, tendo Portugal um importante contributo nesse sentido, uma vez que é o país da Europa com maior consumo de peixe ‘per capita’, sublinhou.

Cada português consome, em média, anualmente, 60 quilos de peixe.

De acordo com as estatística da pesca do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2018, estavam licenciadas 3.994 embarcações de pesca, menos 75 do que no ano anterior, e foram abatidas 110, o equivalente a mais 24 unidades, em relação ao ano anterior.

No período em causa, o volume de descargas de pescado efetuado pelas organizações de produtores do continente registou uma subida de 6,8 por cento em comparação com 2017, devido, sobretudo, à maior descarga de cavala, que quase duplicou (87,3 por cento).

Por sua vez, o preço médio anual do pescado fresco ou refrigerado, que foi descarregado em 2018, caiu 1,7 por cento, passando de 2,23 euros por quilograma (kg) em 2017 para 2,20 euros por quilograma.

Em 2018, o peixe capturado pela frota portuguesa diminuiu 1 por cento, não tendo ultrapassado as 177.685 toneladas.

Já o volume de pesca em águas nacionais cresceu 5,9 por cento, enquanto a captura em pesqueiros externos caiu 18,6 por cento.

O pescado transacionado em lota gerou, em 2018, uma receita de 291.715 mil euros, mais 7,1 por cento comparativamente ao ano anterior.

As exportações de produtos de pesca ou relacionados, por seu turno, contabilizaram 1.118,7 milhões de euros em 2018, o equivalente a um aumento de 3,9 por cento em comparação com o ano anterior.

Segundo o INE, em 2018, o saldo da balança comercial de produtos da pesca ou relacionados totalizou um défice de 1.074,6 milhões de euros, tendo piorado em 11,5 milhões de euros face a 2017.

Instituído em 1998, o Dia Mundial da Pesca, que hoje se celebra, pretende alertar para a importância da conservação dos oceanos e da vida marinha.

Lusa

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