SOS Hepatites: A cada semana há dois alcoólicos a pedir ajuda

A SOS Hepatites está a receber cada vez mais pedidos de ajuda por parte de doentes alcoólicos. Em entrevista à Lusa, a presidente da organização revelou que a cada semana há pelo menos dois novos pedidos de ajuda, que a instituição quer fornecer de forma mais efetiva e rápida.

Emília Rodrigues acrescentou que o crescente número de novos pedidos de apoio levou a SOS Hepatites a pedir ajuda ao Serviço de intervenção nas dependências, numa “parceria” que pode beneficiar todos os envolvidos.

“Através dos seus conhecimentos”, o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), que “tem um bom trabalho” na área, poderá ajudar a SOS Hepatites a fornecer “uma resposta mais célere, mais forte e sem errar” a quem pede ajuda para deixar de beber ou para ter apoio médico.

Emília Rodrigues salientou que em dez anos houve 50 alcoólicos a pedir ajuda à instituição, mas só nos últimos seis meses o número de pedidos de apoio foi superior: “Estão interessados em deixar de beber e em ter apoio especializado de médicos”.

“Estamos dispostos a ajudar, através de consultas”, esclareceu a responsável, explicando que muitos são doentes com hepatite alcoólica, alguns cirróticos, que “querem saber o que podem fazer para não morrer”.

Na base deste aumento exponencial dos pedidos de apoio não está um crescimento do fenómeno do alcoolismo, de acordo com Emília Rodrigues, mas sim uma diminuição da vergonha e do preconceito associados à doença.

Os dados do relatório anual ‘A situação do país em matéria de álcool 2014’, do SICAD e apresentado no início deste mês, mostraram que os pedidos de ajuda contra o alcoolismo estão a aumentar, sendo que em 2014 houve 12 pessoas por dia a iniciarem tratamento e dez foram internadas por problemas relacionados com o uso de álcool.

Em tratamento no ambulatório da rede pública estiveram 11.881 utentes, dos quais 3353 iniciaram tratamento pela primeira vez e 930 foram readmitidos.

São números que revelam uma tendência de acréscimo, registando-se nos últimos três anos os valores mais elevados de novos utentes e de readmitidos.

Quanto a internamentos devido ao alcoolismo, deram entrada em Unidades de Alcoologia e Unidades de Desabituação 1472 utentes e 2256 em Comunidades Terapêuticas.

O número de internamentos por problemas relacionados álcool em unidades de alcoologia aumentou pelo segundo ano consecutivo, embora a tendência de subida já se verifique há vários anos nas comunidades terapêuticas.