O setor público em Portugal demora uma média de 86 dias a pagar faturas, essencialmente devido à “situação financeira”, sendo um dos países europeus com maiores atrasos, ficando apenas à frente de Itália, segundo um relatório hoje conhecido.
O European Payment Report 2018, um relatório anual que analisa o comportamento de pagamentos das empresas e do Estado, concluiu que Portugal é “um dos dois países europeus onde os atrasos de pagamento no setor público são mais dilatados”.
“O setor público em Portugal demora 86 dias a efetuar os seus pagamentos, sendo ultrapassado apenas pela Itália, com 104 dias”, precisa a empresa de gestão de créditos Intrum, em comunicado sobre os resultados do estudo.
Questionados sobre os motivos dos atrasos nos pagamentos, 72 por cento dos inquiridos nacionais apontam a “situação financeira dos seus clientes como o principal motivo, uma percentagem igualmente superior à média europeia de 62 por cento”.
“Segue-se o atraso de pagamento intencional, referido por 59 por cento das empresas que responderam ao inquérito, valor também superior à média europeia que se situa nos 48 por cento”, indica a empresa.
Acrescem causas como a “ineficiência administrativa dos clientes”, “um motivo que teve um crescimento significativo em Portugal, passando dos 49 por cento em 2017, para 55 por cento em 2018, valor também superior à média europeia que se situa nos 45 por cento”.
“A ineficiência administrativa poderá estar relacionada com a falta de contratação de mais trabalhadores nas empresas e a existência de procedimentos adequados”, observa a Intrum.
Ao todo, foram inquiridas 9.607 empresas de 29 países europeus entre janeiro e março de 2018.
Destes, só oito países cumprem a diretiva europeia e pagam a menos de 30 dias aos seus fornecedores, entre os quais a Eslováquia (29 dias), Noruega (26), República Checa, Estónia, Dinamarca e Finlândia (25), Reino Unido (23) e a Letónia (18 dias).
“A média europeia de pagamentos no setor público continua a ser elevada, situando-se nos 40 dias e descendo apenas um dia face ao período homólogo de 2017, que era de 41 dias”, nota a empresa que realizou o estudo.
Citado pela nota, o diretor-geral da Intrum Portugal, Luís Salvaterra, realça que, ainda assim, “este ano já se verificou uma diminuição desse prazo [no país], passando de 95 dias em 2017 para 86 dias em 2018”.
“E, comparando os últimos cinco anos, Portugal tem revelado uma evolução positiva”, adianta.
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