O bastonário da Ordem dos Médicos avançou com um desejo que, entre o populismo e a ironia, não deixa de ter lógica. A melhor forma dos governantes entenderem o que a população sofre com as contínuas medidas de austeridade seria passarem a viver com um ordenado de 600 euros mensais. Só assim, justifica, é que teriam “maior consciência social” antes de proporem medidas como a recente portaria para o transporte de doentes.
Essa nova portaria retira aos bombeiros e aos taxistas o exclusivo no transporte de doentes não urgentes, definindo ainda um novo preço por quilómetro e um teto máximo por deslocação. Os utentes que ganhem mais de 600 euros por mês terão de pagar 2,5 euros por quilómetro, enquanto os doentes mais graves terão como limite uma despesa de 30 euros por deslocação.
“É incomportável para doentes que precisem de fazer uma deslocação mais longa ou várias curtas por mês”, criticou José Manuel Silva, em declarações à Antena 1, salientando que as novas regras vão elevar os custos do transporte de doentes não urgentes para valores incomportáveis para muitos utentes e, em especial, para as camadas que mais necessitam de acompanhamento clínico, como acontece com os idosos.
“Já se verifica que há doentes a faltar a consultas em hospitais porque não conseguem pagar os transportes. Os nossos governantes deviam primeiro ser obrigados a viver com 600 euros por mês antes de irem para o Governo para perceberem melhor os problemas da população”, sugeriu então o bastonário dos médicos.
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