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Risco de ‘fake news’ em Cabo Verde é baixo, mas arquipélago não está imune

O presidente da Associação de Jornalistas Cabo-verdianos (AJOC) considerou hoje que o risco da proliferação de ‘fake news’ no país é baixo, mas lembra que “nenhum país está imune” à problemática.

“Nenhum país está imune à questão das ‘fake news’, mas aqui em Cabo Verde não há muito esse risco das ‘fake news’ criarem grandes estragos”, disse o presidente da AJOC, Carlos Santos, à Lusa, por telefone.

O responsável da associação sindical cabo-verdiana citou um inquérito publicado em agosto pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Cabo Verde, sobre o acesso e consumo da comunicação social.

Neste relatório, 82 por cento dos inquiridos responderam que utilizavam a televisão para se informarem, com a rádio a alcançar os 33 por cento e os jornais impressos 1 por cento a completarem a taxa de utilização dos órgãos de comunicação social.

Ao mesmo tempo, 42 por cento dos inquiridos responderam que utilizavam as redes sociais para o consumo de informação, e 11 por cento das respostas apontavam também para o recurso a jornais ‘online’.

Carlos Santos referiu que órgãos de comunicação social tradicionais em Cabo Verde obedecem a um modelo em que “dificilmente consegue passar notícias falsas”.

“O nosso modelo de jornalismo é ainda um bocado institucional. Baseia-se mais nas fontes oficiais, nas notas que são enviadas pelos organismos dos estados, pelos partidos, pelo Governo, pelos sindicatos. Não há muita procura de outras fontes. Parece-me que, deste ponto de vista, dificilmente se consegue produzir ‘fake news'”, justificou o jornalista.

Da parte dos consumidores da informação, Carlos Santos refere que há um esforço natural pelos cabo-verdianos para “desconstruir” as notícias sobre o país.

“Quando sai uma notícia nas redes sociais, as pessoas comentam logo. Os próprios cidadãos começam eles próprios a desmontar essa notícia”, explicou o presidente da AJOC.

O líder da associação sindical refere que a solução para o combate das ‘fake news’ e da desinformação passa por “uma aposta na cultura mediática, na literacia mediática”, começando pelas escolas.

“Parece-me que aqui a arma tem de ser uma aposta na cultura mediática, na literacia mediática, levando os meios de comunicação social para escolas, o que é o papel do jornalista, do jornalismo ou da comunicação social nas sociedades democráticas”, defendeu.

Ainda que a ameaça não seja grande, Carlos Santos refere que os jornalistas cabo-verdianos vêm as ‘fake news’ com “muita preocupação”.

“Hoje, o exclusivo de produção de notícias não é do jornalista, hoje toda a gente produz conteúdos, o cidadão deixou de ser mero consumidor, para se transformar ele próprio em produtor de conteúdos. Quando assim é, os jornalistas veem o fenómeno com alguma preocupação, e isso pode servir de alerta, no sentido do jornalista se esforçar cada vez mais para apurar a veracidade dos factos, para cruzar fontes”, referiu ainda Carlos Santos.

O radialista cabo-verdiano reforçou a importância que é dada no país aos meios de comunicação social tradicionais, um fator que traz responsabilidades para o jornalista.

“Quando está a circular uma notícia na internet, as pessoas dizem ‘isto não saiu na rádio, não vi isto na televisão, não vi isto em nenhum jornal’, e eu acho que isso é importante para o jornalista, no sentido de se esforçar cada vez mais para apurar os factos e para levar ao ouvinte, o telespetador e ao leitor uma informação maximamente objetiva e credível”, concluiu Carlos Santos.

Lusa

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Lusa
Etiquetas: ÁfricaCabo Verde

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