O presidente da Comissão Técnica Independente (CTI) que analisou os incêndios de outubro admitiu que a informação constante no relatório final pode não estar “totalmente correta”.
Em declarações à Lusa, João Guerreiro salientou que todos os dados resultam da documentação oficial recolhida pelos peritos da CTI.
“O que asseguro é que utilizámos documentação oficial, portanto não asseguro que na documentação oficial não haja, eventualmente, qualquer indicação que não esteja totalmente correta”, explicou.
O comentário foi feito depois de Jorge Gomes, à data o secretário de Estado da Administração Interna, ter enumerado várias informações “falsas” no relatório.
A CTI vai “estudar exatamente as considerações” avançadas pelo ex-governante, prometeu o presidente.
“Percebo as questões colocadas pelo doutor Jorge Gomes, portanto tem todo o sentido que estas questões sejam cabalmente esclarecidas, tem todo o sentido que a Comissão Técnica Independente, neste domínio, analise um bocadinho, com maior profundidade, esta troca de documentos”, complementou João Guerreiro.
As conclusões dessa reanálise será apresentadas “oportunamente”.
“Tudo o que sejam questões que possam não estar bem esclarecidas no relatório, acho que temos o dever de clarificar isso rapidamente para não complicar a discussão sobre os reais problemas que estão presentes, porque esses é que interessam”, insistiu ainda o responsável da CTI.
A prioridade dos peritos é levar tornar as conclusões do relatório num debate público, “de forma serena”.
Sobre a crítica da falta de contraditório, também apontada por Jorge Gomes, João Guerreiro lembrou que o mesmo tinha ocorrido com o relatório dos incêndios de junho, incluindo a tragédia de Pedrógão Grande.
“Tentámos cruzar diversas fontes de informação para tentar, tanto quanto possível, apresentar um documento que retirasse todo o caráter polémico de intervenções subjetivas e de considerações subjetivas”, lembrou o responsável.
“No meio de um trabalho de 12 pessoas, poderá haver qualquer coisa que não esteja totalmente clara”, insistiu ainda, repetindo que as informações apresentadas “resultam de documentos oficiais e de posições oficiais”.
“A intenção do relatório é colocar à discussão pública uma problemática que é fundamental para resolver o problema da floresta em Portugal, não é o problema dos incêndios”, concluiu João Guerreiro.
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