Recessão em Espanha é, para Cavaco Silva, um “choque assimétrico” que prejudica Portugal

As exportações são apontadas como o principal fator para Portugal sair da crise, mas o principal cliente, a Espanha, também está em recessão. Um “choque assimétrico” que, para o Presidente Cavaco Silva, tem de ser minorado da distribuição dos fundos europeus.

Portugal tem de exportar para sair da crise, insistem economistas e analistas, mas o principal cliente é um país em recessão: a Espanha. Este é um “choque assimétrico” que agrava a recessão no lado de cá da fronteira, como reconheceu o Presidente da República, Cavaco Silva.

“A situação internacional, a crise na Zona Euro, a situação em Espanha não ajudam nada Portugal a ultrapassar a situação insustentável a que chegou nos desequilíbrios da sua economia”, adiantou o chefe de Estado, quando falava aos jornalistas à margem do Congresso do Mar, que decorre em Lisboa.

Com a Espanha a diminuir as compras a Portugal, a ajuda terá de vir do resto da União Europeia, nomeadamente com um reforço das verbas do quadro comunitário de apoio para 2014-2020, em fase de discussão no plano europeu.

“Não podemos deixar de lutar para juntar à consolidação orçamental elementos de crescimento económico, vindos do investimento privado, vindos do turismo, vindos de uma redução menos brutal do consumo privado, vindos da exportação”, acrescentou Cavaco Silva, realçando que “parte dos elementos terão que vir da Europa”.

Com os 27 membros da União Europeia a tentarem concertar uma estratégia para o próximo quadro comunitário de apoio, o Presidente da República apelou aos parceiros europeus que, na cimeira extraordinária da próxima semana, “não deixem de ter em conta a situação de países como Espanha, como a Itália, como Portugal, como a Grécia ou a Irlanda”.

Uma Grécia que foi citada como comparação: estaria Portugal a caminho de uma situação semelhante, depois do Instituto Nacional de Estatística ter confirmado a quebra do produto interno bruto e o aumento do desempreho? “Deus nos livre de algum dia nos aproximarmos da situação em que a Grécia se encontra”, respondeu Cavaco Silva .