Radovan Karadzic pede recompensa por “reduzir o sofrimento” das vítimas de genocídio bósnio

Radovan Karadzic, o líder da fação sérvia durante a guerra civil na ex-Jugoslávia pela independência da Bósnia, pediu para ser recompensado por “reduzir o sofrimento das vítimas”, isto durante o julgamento em que é acusado de genocídio e crimes contra a Humanidade.

O antigo líder dos sérvios bósnios, Radovan Karadzic, está a responder pelos crimes de genocídio e crimes contra a Humanidade no Tribunal Penal Internacional, em Haia, devido à guerra civil que devastou a antiga república da Jugoslávia. Em defesa própria, Karadzic alegou que deve ser recompensado por “reduzir o sofrimento”, ao invés de estar a ser julgado.

“Nem eu nem ninguém que eu conheça pensou que iria haver um genocídio contra os que não eram sérvios”, argumentou Karadzic, alegando ter “feito tudo ao meu alcance para evitar a guerra e reduzir o sofrimento humano”. Descrevendo-se como um “homem sensível, tolerante e com uma grande capacidade de compreender os outros”, o antigo líder afirmou ter travado o exército bósnio sérvio várias vezes, ter procurado alcançar acordos de paz, ter aplicado medidas humanitárias e ter honrado as leis internacionais.

Entre a longa defesa, Radovan Karadzic conseguiu encaixar um ataque, destinado à cobertura jornalística da guerra civil na antiga Jugoslávia. “Com o passar do tempo a minha verdade vai tornar-se cada vez mais forte, enquanto as acusações, a propaganda, as mentiras e o ódio irão enfraquecer”, garantiu o réu, assegurando que o número de vítimas foi três ou quatro vezes inferior às 100 mil consideradas oficiais.

O antigo líder dos sérvios bósnios andou fugido 13 anos, sendo capturado em Belgrado no ano de 2008. Em Haia, está a ser julgado por dez acusações, incluindo o massacre de Srebrenica e o cerco a Sarajevo, nos anos 90 do século passado. Segundo os dados oficiais, mais de 7000 bósnios muçulmanos terão morrido em Srebrenica e mais de 12 mil civis morreram ao longo dos 44 meses de cerco a Sarajevo.