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Qualidade da Democracia e Abstenção

Estas eleições europeias vieram salientar ainda mais o que todos já sabemos mas que os políticos não ligam ou fazem de conta. Dizem-se muito preocupados com a abstenção mas nada fazem para que a abstenção diminua e haja mais participação dos cidadãos. A rejeição destas eleições europeias passou largamente os 70%. A abstenção foi de 66,09%, votos brancos 4,41% (144.815) e votos nulos 3,06%. (100.475) Os votos brancos e nulos se elegessem cadeiras vazias seriam o quarto partido mais votado, tiveram quase 250.000 votos, atrás do PCP, superando o BE e o MPT via Marinho Pinto.

Um estudo dado a conhecer há algum tempo, A Qualidade da Democracia: a Perspectiva dos Cidadãos da autoria de António Costa Pinto e Pedro Luís de Sousa e Ekaterina Gorbunova, mostra que a insatisfação com a democracia está a aumentar – só 56% acreditam que a democracia é o melhor sistema político. O pior defeito da democracia é o chamado «picos de cidadania», em que as pessoas vão votar e pronto já está. Esquecem-se que depois há um trabalho constante de informação e questionar quem elegemos, daí o voto é uma maneira muito naif de participar.

O voto é uma maneira muito pobre de saber-se o que as pessoas querem e desejam. A sociedade civil deve funcionar como contrapeso em relação às decisões políticas. Actualmente há várias maneiras de nos fazermos ouvir, em redes sociais, clubes de reflexão, movimentos, etc. A Internet tem sido a nossa salvação contra o sistema político hermético, muito pouco permeável e recomendável.

Os partidos políticos são muito pouco flexíveis para incorporar a voz da cidadania. A democracia carece de contrapesos, de formas e fórmulas de controlo, de transparência, de participação de cidadania.

Os partidos têm que ser revistos, está na hora e no momento da sociedade civil. A falta de confiança e respeito nos políticos deve-se aos seus exemplos pouco edificantes. O exemplo do nosso poder tem que ser igualado pelo poder do nosso exemplo. As instituições públicas devem estar ao serviço das pessoas e não ao serviço de interesses e objectivos particulares e partidários.

Os protagonistas têm que ser os cidadãos com as suas exigências, essa é a forma de lutar contra o desinteresse, os cidadãos acreditam cada vez menos nos políticos, sendo prova disso a fraca participação em actos eleitorais. Como diz Michel Maffesoli, “o político é o contrário da democracia”. Esta saturação e insurgência contra os partidos e líderes partidários podem levar à ruptura.

Devemos estar todos preocupados mas os 21 deputados europeus serão na mesma eleitos e irão para Bruxelas, porém a sua legitimidade está diminuída e é mais um aviso para este sistema político, caduco, decrépito e ególatra.

Ao abster-se as pessoas estão a dizer que: estão furiosas; estão indignadas; não confiam em nenhum político; não os querem; não nos servem.

Com uma abstenção deste calibre as eleições deveriam ser anuladas e dar-se início à mudança na lei eleitoral. Os portugueses repudiam esta forma de fazer política em que os políticos parecem autistas e não ligam absolutamente nada ao que se passa à sua volta.

A abstenção está a dizer alto e bom som para quem queira ouvir: não gostamos desta democracia e as eleições converteram-se numa farsa.

Ao não ir-se votar está-se a fazer uma forma de protesto por omissão. Esta democracia, o sistema e os seus actores, a maior parte das vezes não vão de encontro aos cidadãos e os cidadãos não se revêem nestes líderes e protagonistas. O dever dos políticos é ir de encontro dos cidadãos e estimular a sua participação.

Os políticos devem exercer os cargos públicos com ética e rigor deontológico. Se não o fazem há o direito de ir votar, mas também o direito de não ir votar conscientemente e, não por comodismo.

Os políticos o que prometessem cumprissem e executassem, de outra forma, deveriam ser penalizados. Um cidadão não tem como tirar um político somente no fim do seu mandato pelo voto, se ele mentiu e foi enganador durante a vigência desse mandato.

Redação

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