O PSD agendou hoje um debate de atualidade no parlamento sobre a isenção da RTP e que servirá para “censurar” o Governo pela alegada tentativa de “condicionar e bloquear” uma reportagem sobre o lítio.
O tema do debate na quinta-feira, que tem prioridade na agenda da Assembleia da República, é “a RTP e serviço público” e o PSD quer “censurar o comportamento do governo que, de forma direta ou indireta, ajudou a condicionar e a bloquear um programa [“Sexta às 9″) que lhe era desfavorável em plena período pré-eleitoral”, afirmou à Lusa o deputado social-democrata Paulo Rios.
“Não é um comportamento admissível em democracia”, acusou, sublinhando que o tema “cresce de importância” com as notícias de hoje, no diário i, sobre um alegado boicote da direção de informação da RTP a uma reportagem sobre um instituto onde foi professora e que lança “o alarme” sobre o que se passa na televisão pública.
O deputado social-democrata lembrou as posições anteriores do seu partido, que pediu esclarecimentos e audições no parlamento sobre esta matéria, e a “estranheza” manifestada pela suspensão do programa quando se sabia que “era sobre o escândalo do lítio”, “um tema muito desconfortável para o PS e para o Governo”.
Rui Rio, presidente do partido, chegou mesmo a dizer, em 05 de dezembro, que o adiamento do programa da RTP “Sexta às 9” sobre lítio se deveu a “razões políticas”.
Dois dias antes, em 03 de dezembro, numa audição parlamentar que se realizou a pedido do PSD, a jornalista da RTP Sandra Felgueiras afirmou que “era possível” ter emitido o programa “Sexta às 9” em 13 de setembro com o tema do lítio, acrescentando que antes o programa nunca tinha sido suspenso durante campanhas eleitorais.
Já a diretora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso, afirmou no parlamento que “não chegou a informação de que havia notícia” sobre o lítio à direção da estação, referindo-se ao adiamento do programa ‘Sexta às 9’.
A investigação contou com o depoimento do antigo presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, que disse ter avisado, em reunião, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e o secretário de Estado João Galamba das alegadas ilegalidades decorrentes da concessão da exploração de lítio a uma empresa que tinha sido recentemente criada.
Dois dias após o encontro, João Galamba assinou o contrato para a construção da refinaria de lítio, um negócio, segundo a investigação de Sandra Felgueiras, avaliado em, pelo menos, 350 milhões de euros.
Paralelamente, o episódio do “Sexta às 9” avançou ainda que o antigo secretário de Estado Jorge Costa Oliveira estava também ligado ao negócio, como consultor financeiro.
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