O preço do ouro chegou hoje a cotar-se a 1.565 dólares, mais 1,8 por cento em relação a sexta-feira, situando-se em máximos desde 2013, impulsionado pelos receios sobre as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.
A escalada da guerra comercial entre as maiores potências do mundo, os Estados Unidos e a China, levaram os investidores a escolherem o ouro como “um ativo seguro [de refúgio] em tempos de incerteza”, disseram hoje analistas à agência de notícias espanhola EFE, com o preço do ouro (a onça troy equivale a 31,1 gramas) a valorizar-se para 1.565 dólares, fixando-se em máximos desde 2013.
O preço do ouro voltou posteriormente a corrigir, ao negociar em torno de 1.528 dólares, mesmo assim um máximo desde abril de 2013.
De acordo com o UBS Group AG, prevê-se que possa valorizar-se para 1.600 dólares no próximos três meses.
O UBS, citado pela agência de notícias financeiras Bloomberg, tem vindo a rever em alta as previsões do preço do ouro à medida que “aumentam as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China”.
A nota do banco suíço refere ainda que o aumento das tensões comerciais entre a Washington e Pequim têm vindo “a prejudicar o crescimento económico [global]” e a levar a que os bancos centrais “flexibilizem” as suas políticas de taxas de juros e olhem para novos estímulos direcionados para o crescimento económico.
Para o analista da XTB Jorge López, o preço do ouro “está a subir vertiginosamente devido ao aumento da procura, resultado da volatilidade e incerteza que se mantêm latentes nos mercados financeiros”.
“A tensão [comercial] entre Estados Unidos e a China permanece” e a situação “parece dar nota de que está pior”, lembrou, justificando que a subida das tarifas alfandegárias por ambas as partes “não dá indícios de ter acabado”.
Segundo o analista, “o que parece estar a dar asas ao preço deste metal precioso são os sinais contínuos de enfraquecimento que estão a registar-se no crescimento da economia global e o atual fantasma de uma possível recessão”.
A economia alemã contraiu-se 0,1 por cento segundo trimestre do ano, assim como o setor manufatureiro dos Estados Unidos em agosto, e os analistas dão indicações de que o terceiro trimestre na Alemanha pode surpreender com um novo recuo do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o que “atirará o país para uma recessão técnica”.
Daí que o UBS, citado pela Bloomberg, preveja que o preço do ouro suba para 1.600 dólares no próximos seis meses e para 1.650 dólares nos próximos 12 meses.
O analista Jorge López explicou ainda que “as grandes compras de ouro estão a ser feitas pelos principais bancos centrais e, neste ponto, a China desempenha igualmente um papel muito importante, pois o seu compromisso é cada vez mais reduzir a [dependência] do iuane face ao dólar”.
A recuperação do ouro iniciou-se com a queda das taxas de juro nos Estados Unidos em julho e noutros países já em agosto, nomeadamente a Índia, Nova Zelândia e a Tailândia, o que levou a que aumentasse a procura por outros ativos que os investidores consideram “seguros”.
Em agosto, o preço do ouro valorizou-se mais de 100 dólares a onça e o mês de julho fechou com o ouro a cotar-se nos 1.413,98 dólares.
Já o rendimento das obrigações registou baixas históricas em muitos países e os investidores passaram a pagar mais pela dívida de curto prazo do que pelas obrigações de longo prazo, situação que os especialistas apelidam de “inversão da curva de juros” e que é considerada um sinal que antecipa as recessões económicas.
A “inversão das taxas” das obrigações de curto e longo prazo em diversos países, nomeadamente nos Estados Unidos, está a “preocupar fortemente” os analistas e os investidores, segundo a Bloomberg.
O preço do ouro, que havia terminado 2018 a valer 1.283 dólares, no mês de junho negociava nos 1.300 dólares.
A partir de então, começou a subir e atingiu preços mais elevados este mês..
O preço do ouro atingiu o seu máximo histórico em 05 de setembro de 2011, data em que se fixou em 1.900,2 dólares.
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