Portugal “vai à falência” se não for ajudado pelo BCE, defende De Grauwe

Conselheiro de Durão Barroso no Banco Central Europeu (BCE), Paul De Grauwe afirmou em entrevista à Bloomberg que Portugal vai cair na mesma situação da Grécia se não for ajudado. “Portugal apagou parte do incêndio, mas o fogo ganhou terreno e o BCE é o bombeiro”, diz. E a queda lusa “provocará o contágio” aos restantes países europeus.

“O problema português deve-se sobretudo ao medo, ao pânico. É preciso acabar com isto e só o BCE poderá fazê-lo”, defendeu De Grauwe, numa entrevista à agência Bloomberg, concedida em Oslo.

Professor na Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, Paul De Grauwe considera que, “se nada for feito, há cem por cento de certeza de que Portugal irá à falência e reeditar-se-á a situação da Grécia”, acrescentou, apesar de considerar que os dois países estão ainda num patamar “muito diferente”, nesta altura.

O BCE terá de socorrer Portugal, nos mercados, sob pena de a inércia conduzir o país “à insolvência”. De Grauwe usa uma imagem para caracterizar a situação: “Portugal foi capaz de apagar parte do incêndio, mas o fogo está a ganhar terreno e o BCE é o bombeiro”.

Caso suceda esta falência de Portugal, outros países do sul da Europa, como Itália e Espanha, sofrerão o efeito de contágio. Numa comparação entre Portugal e Espanha, Paul De Grauwe diz estranhar a maior confiança dos mercados em Espanha.

“O setor bancário espanhol não está bem. Aliás, está bem pior do que o português. Para mim, há um enigma: por que razão os mercados têm mais confiança no Governo espanhol do que no português? Não entendo”, refere o conselheiro de Durão Barroso.