“Portugal teve sorte até agora e seria triste se parasse de crescer”, diz antigo economista-chefe do FMI

O antigo economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, afirmou, em entrevista à Lusa, que Portugal “tem tido sorte”, apesar do aumento da produtividade ser “terrível”, e ficaria preocupado se a consolidação orçamental penalizasse a procura interna e o crescimento económico.

“Acho que Portugal teve sorte até agora. O país teve um crescimento aceitável e conseguiu-o ao mesmo tempo que reduziu a dívida. Se Portugal conseguir continuar a fazê-lo, então deve ir em frente. Acho que o importante é manter o crescimento”, afirmou Olivier Blanchard, em entrevista à Lusa, à margem do Fórum do Banco Central Europeu (BCE), que decorreu esta semana em Sintra, e que terminou na quarta-feira.

O antigo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) contou à Lusa que escreveu um artigo sobre Portugal há dois anos no qual antecipava um cenário mais difícil para Portugal. Mas, o desempenho do país “foi melhor que o previsto, o que é uma má notícia para mim, mas uma boa notícia para Portugal”, afirmou, sublinhando que “neste momento seria triste se Portugal parasse de crescer”.

“Se houvesse uma consolidação orçamental demasiado forte que abrandasse a procura [interna] e fizesse parar o crescimento económico, nesse caso preocupava-me”, frisou, acrescentando que nesta fase Portugal parece capaz de continuar a crescer sem medidas de apoio à economia, e, “enquanto for o caso, deve continuar”.

Em entrevista à Lusa, o economista francês, atualmente no Peterson Institute for International Economics, sublinhou também que o principal fator crítico para Portugal neste momento é o crescimento, elogiando a descida do desemprego.

“A boa notícia em Portugal é a diminuição do desemprego, que é uma notícia muito boa, mas vem em parte do facto de não existir um grande crescimento da produtividade”, alertou.

Para Olivier Blanchard, “as boas notícias sobre o desemprego têm um outro lado da medalha, que é a má notícia sobre o crescimento da produtividade”, que, no seu entender, “tem sido terrível”.

O Instituto do Emprego e Formação Profissional revelou na quarta-feira que o número de desempregados inscritos foi de 305.200 em maio, o valor mais baixo em 28 anos, representando uma descida de 12,9 por cento face ao mesmo período de 2018.

Questionado sobre o que pode Portugal fazer para impulsionar a economia e melhorar as condições de vida dos cidadãos, Olivier Blanchard respondeu, na entrevista à Lusa, que “não existe segredo” e que “quando se quer aumentar a riqueza das pessoas, uma das coisas de que se precisa é de crescimento [económico]”.

“Portugal tem que pensar seriamente sobre como aumentar a produtividade. Diria que este é o fator número um para o país”, afirmou.

A sexta edição do Fórum do BCE e último com Mario Draghi na liderança decorreu esta semana, em Sintra, e terminou na quarta-feira, sob o mote dos 20 anos da zona euro.

O evento reuniu governadores dos bancos centrais, académicos, decisores políticos e especialistas do mercado financeiro para trocar perspetivas sobre as principais questões de política monetária.

Lusa

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Lusa
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