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Pode um cortador de relva irritar os astrónomos? Sim e muito

A marca responsável pelo Roomba quer lançar um cortador de relva automatizado, mas os astrónomos estão contra: e furiosos! É que o aparelho será ‘guiado’ por redes sem fios e a permissão solicitada pela empresa é a mesma que os astrónomos usam para olhar os céus.

Verdes são os campos da cor da polémica. Na hora de cortar a relva, a iRobot, empresa que lançou o popular aspirador Roomba, deixou a comunidade científica furiosa, em particular os astrónomos.

Em causa está um cortador de relva automatizado: tal como o Roomba, o aspirador que ‘trabalha sozinho’, a iRobot quer lançar um aparelho capaz de ‘tosquiar’ os campos sem que seja precisa a ‘condução’ por um humano.

Só que há um problema gravíssimo: para um cortador de relva funcionar tem de ser comandado por uma rede sem fios. Em fevereiro, iRobot apresentou um pedido ao regulador das telecomunicações dos EUA, a FCC, a solicitar permissão para utilizar a largura de banda entre os 6240 e os 6740 MHz.

Essa permissão era fundamental porque, no entender da FCC, qualquer pessoa com um ‘Roomba da relva’ poderia criar uma rede sem fios: no limite, essas redes poderiam interferir com os sistemas dos telemóveis e GPS.

A empresa alegou que a rede necessária para os cortadores da relva é de dimensão limitada. Os donos dos relvados apenas têm de erguer alguns postes delimitadores, com esses postes a enviarem o sinal que delimitava a zona de atuação do aparelho.

Surgiram então em cena os astrónomos, que levantaram outro problema: é que a largura de banda solicitada é a mesma que é utilizada pelos poderosos radiotelescópios.

O Observatório Nacional de Radioastronomia (NRAO, na sigla original) dos EUA já assumiu a oposição total à pretensão da iRobot, lembrando que a função dos telescópios é “criar um mapeamento celestial que permita comparar as distâncias, em alta definição, entre as regiões onde as estrelas se formaram, definindo o curso da evolução galática”.

De uma forma mais simples: os radiotelescópios precisam de toda a largura de banda que conseguirem para detetarem a presença de metanol (um indício da formação de estrelas) nos confins do universo e ainda mais além!

Só que a iRobot não quer desistir do ‘Roomba da relva’ e propôs uma alternativa. O manual de instruções passaria a incluir a seguinte referência: “Apenas para uso privado; o uso deve estar limitado à área residencial”.

Harvey Liszt, gestor de espectro na NRAO, ficou estupefacto com a ideia: “Como é que se pode proibir alguém que gastou centenas de dólares num produto a usá-lo numa área residencial próxima de um telescópio? Não me parece que a iRobot possa policiar cada um dos seus clientes”.

A polémica vai continuar. A NRAO insiste que precisa de um raio de 88 quilómetros livre de interferências à volta de cada radiotelescópio, mas a iRobot está disposta a ir a tribunal demonstrar que 19 quilómetros são distância suficiente.

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Etiquetas: EspaçoiRobotRoomba

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