A Plataforma Basta divulgou nesta terça-feira imagens inéditas da morte do touro em Monsaraz, evento que mereceu o licenciamento da Inspeção Geral das Atividades Culturais. Dada a violência das imagens, o PT Jornal opta por não divulgá-las.
Os vídeos, de extrema crueza e brutalidade, mostram um touro indefeso, amarrado pela cabeça, golpeado de forma bárbara por elementos indiferenciados da população que, a sangue frio, matam o animal com facas na arena do Castelo de Monsaraz.
O episódio ocorreu no passado dia 8 de setembro.
Nos vídeos de Monsaraz veem-se crianças a assistir à morte do touro, num espectáculo que a legislação portuguesa permite, aliás, que seja presenciado por crianças maiores de 3 anos (acompanhadas por adulto), tal como os restantes espectáculos tauromáquicos.
“A violência destas imagens ilustra uma realidade que muitos portugueses desconhecem. Os animais utilizados nas touradas em Portugal são sujeitos a um tratamento bárbaro e indigno de um país civilizado, não só em Monsaraz, mas em várias praças de touros do país”.
A morte do touro em Monsaraz é um dos pontos altos das Festas de Nosso Senhor Jesus dos Passos, promovidas pela Misericórdia local.
“A cruenta tradição da morte do touro pela população é promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Monsaraz, com a colaboração da Câmara Municipal, entidades que deveriam promover a empatia e respeito pelos animais bem como o combate à violência. A Plataforma Basta considera que as tradições devem ter em conta o contexto cultural em evolução e os valores de uma sociedade nacional, não devendo a violência e a crueldade ser branqueadas com o argumento da liberdade, nem merecer a aprovação e a valorização do Estado português”.
A Plataforma Basta destaca que “o evento é considerado pelo Estado como parte integrante da cultura portuguesa, tendo sido devidamente licenciado pelas autoridades nacionais”.
“A legislação premeia quem violou a lei durante 50 anos ininterruptos, permitindo que estes eventos sejam legalmente realizados. Ou seja, o Estado reconhece quem sistematicamente violou a lei de forma contínua, concedendo aos prevaricadores uma excepção com base na ‘tradição’, situação que se aplica em Barrancos e Monsaraz”, salienta a plataforma, numa nota enviada às redações.
A Plataforma Basta fala de uma “indústria decadente” que promove espetáculos tauromáquicos com “um nível de crueldade e de insensibilidade que a esmagadora maioria da sociedade portuguesa condena e com a qual não se identifica”.
“As festas com touros de morte em Monsaraz são apenas um dos exemplos da extrema violência real da tauromaquia. Mas enquanto aqui a crueldade ocorre na rua, nas ‘corridas de touros’ o lado mais cruel é escondido da opinião pública. Nomeadamente o arrancar das bandarilhas, que é feito brutalmente nos curros das praças de touros ou nos camiões de transporte, com os animais ainda vivos, sem qualquer tipo de assistência veterinária, tendo os touros que suportar o sofrimento resultante do desgaste físico e das lesões provocadas durante a lide, até serem abatidos no matadouro ou morrerem pelo caminho”, realçam.
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