Não é um recuo total de Pedro Nuno Santos, mas a explicação daquilo que o deputado socialista considera ser uma má interpretação de uma ideia, que foi “retirada do contexto”. O vice-presidente da bancada socialista refere agora que não defendeu o incumprimento, mas antes o uso de uma estratégia de pressão sobre os países credores.
Confrontado com as suas próprias palavras, o deputado líder do PS-Aveiro referiu que “Portugal deve pagar a sua dívida”. No entanto, entende, “em primeiro lugar, deve estar o povo português”.
E nesse quadro, e num processo negocial, o Governo “deve usar todas as armas negociais que estão ao seu dispor”, com finalidade de “suavizar as condições que são impostas aos portugueses e à economia”. Em declarações à SIC, Pedro Nuno Santos acusou o Governo de “não criar condições para que o País possa cumprir com os credores”.
Confrontado com as palavras que proferiu e com a ideia de que Portugal deveria utilizar uma estratégia de “bluff” – “Se não pagarmos a dívida e se lho dissermos, as pernas dos banqueiros alemães até tremem”, afirmara Pedro Nuno Santos –, o próprio justificou que existe uma concertação entre credores, que exercem pressão sobre os países em dificuldade.
“À aliança franco-alemã, os países devedores não responderam com uma aliança. Merkel e Sarkozy prepararam as cimeiras com antecedência, a concertarem posições, e a decidirem o que os 27 terão de decidir dias mais tarde. E não assistimos aos chefes de Estado dos países periféricos a pressionarem a Europa para que mude e para que os sacrifícios a estes povos terminem”, acusa.
Pedro Nuno Santos considerou ainda que “vivemos um tempo de exceção na Europa” e exige-se que os países “estejam à altura do povo que representam”. No entanto, sustenta, “os países credores não podem impor as suas condições, marimbando-se para o desemprego e para a crise que provocam nos países devedores”.
O deputado socialista conclui o seu raciocínio afirmando que “os líderes de cada país têm de defender os seus povos” e foi nesse contexto que surgiram as declarações que proferiu.
Recorde-se que o vice-presidente da bancada socialista e líder do PS-Aveiro fizera, no passado sábado, a apologia da ameaça de incumprimento por parte de Portugal. Num discurso em Castelo de Paiva, dissera que, “ou os alemães se põem finos”, ou Portugal deve recorrer à “bomba atómica, usada na cara” dos alemães e dos franceses: “não pagar a dívida.
“Estou-me marimbando que nos chamem irresponsáveis”, acrescentou o vice-líder do grupo parlamentar socialista. “Se não pagarmos a dívida, as pernas dos banqueiros alemães até tremem”, afirmara também Pedro Nuno Santos. Entretanto, Carlos Zorrinho, líder parlamentar do PS, relativizou as declarações e manteve a confiança em Pedro Nuno Santos.
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