O Fundo Monetário Internacional (FMI) continua descontente com a falta de recuperação económica na zona euro. De acordo com a opinião da diretora-geral, Christine Lagarde, o ‘motor da Europa’ bloqueou e está a ser substituído por uma economia periférica.
A tese foi defendida numa ronda de entrevistas concedida por Lagarde e publicadas, ao longo do fim de semana, em vários jornais europeus. A Alemanha, que devia impulsionar a recuperação, continua a “investir pouco” e tem vindo a ser substituída pela Espanha, “o único país que progride” após ter feito reformas estruturais.
“Segundo a análise do FMI, a Alemanha pode contribuir para a recuperação europeia através da distribuição de rendimentos. Isso permitiria aos consumidores germânicos alimentar a recuperação. Dadas as condições favoráveis no mercado laboral, antecipamos uma dinâmica salarial que permita isso”, afirmou Lagarde.
O problema é que o pensamento do fundo diverge do adotado pela chancelaria de Merkel, que não aproveita a “margem de manobra” orçamental. Embora o fundo defenda um aumento do investimento público para os 0,5 por cento do PIB alemão, o executivo germânico mantém na prática um limite de 0,2 por cento.
“Pensamos que investimentos públicos ou privados para financiar infraestruturas seria benéfico. Não digo para construírem novas auto-estradas, mas investir em manutenção. Nos últimos anos, a Alemanha investiu pouco em infra-estruturas de transporte”, criticou a responsável do FMI.
Quem tem investido, até para beneficiar das reformas estruturais que foi obrigada a
“O único país que progride, apesar de não ser suficiente” para absorver os milhões de trabalhadores desempregados, “é a Espanha”, sustentou a diretora-geral do FMI, uma das entidades que evitou a falência da banca espanhola.
Lagarde comentou também a política do Banco Central Europeu, cujo receio da deflação levou a uma histórica baixa da taxa de juro de referência.
“O presidente do Banco Central Europeu anunciou medidas que vão na direcção correcta e que incluem mais capacidade de fluxo de crédito às empresas. As medidas causaram surpresa, o que não é mau, e fez com que o euro recuasse face ao dólar”, elogiou.
Para o FMI, a equipa de Mario Draghi tem feito “muito neste dois anos” para relançar a moeda única, ao contrário das potências que não aproveitam a “margem de manobra” orçamental para promover o investimento público, como a Alemanha.
Sobre o crescimento económico mundial, Lagarde considerou-o “fraco, frágil e desigual”, como “os 200 milhões de desempregados no mundo nos lembram” todos os dias.
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