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O que é o livro dos fiados?

Para as gerações mais novas o livro dos fiados poderá representar uma interrogação, mas para os mais velhos é algo conhecido e que recordam, porventura, com alguma nostalgia, pois representava um tempo passado onde as preocupações eram as típicas da infância.

O livro dos fiados era um livro com uma capa preta ou azul, em alguns casos, que existiam nas mercearias onde eram anotadas as vendas de produtos que ficavam por pagar e que, geralmente, eram saldadas ao final do mês quando se recebia o ordenado.

O livro dos fiados ou calotes representava uma confiança que o comerciante tinha nos clientes que ficavam devedores durante algum tempo. Levavam produtos que não pagavam na hora.

Quando a dívida era paga, a indicação era rasurada no livro dos fiados que funcionava como um apoio para as famílias mais necessitadas que, assim, conseguiam ter produtos para colocar na mesa mesmo quando o dinheiro não era muito.

Com o passar dos anos e a chegada das grandes superfícies comerciais a verdade é que as lojas de bairro, que ficavam muitas vezes próximas das casas dos clientes acabaram por fechar. Algumas ainda resistem de porta aberta, sendo que a sua tarefa é cada vez mais difícil num mercado fortemente concorrencial.

Em cada fiado uma história para contar

O especial ou curioso do livro dos fiados é que este marcava não apenas a pessoa, o produto e a dívida em causa mas também uma história.

O livro dos fiados guardava momentos de dificuldade, relatava períodos de maior aperto financeiro e tinha sempre uma histórica de vida por trás.

Por isso, ainda hoje, os lojistas que tiveram um livro de fiados têm histórias antigas para contar que o livro dos fiados era fiel depositário, ou que nem sempre vinha lá detalhada.

O livro do fiado tem histórico e quem se dedica às letras e à análise da sociedade acaba por se recordar também deste objeto mítico de qualquer mercearia ou taberna do antigamente.

Juros no livro?

Germano Silva, historiador, contava em 2016 nas páginas da revista Visão que a memória não apaga o livro do fiado.

“O meu pai dizia-me para estar atento quando o merceeiro assentasse a despesa no livro para garantir que ele não punha 2 quilos em vez de um. Eles carregavam um bocadinho no peso, era uma espécie de juro”, contava Germano Silva.

O “ponha no livro” era uma frase característica para quem tinha necessidade de comprar algo mas não tinha dinheiro naquela altura em que os pagamentos se efetuavam na moeda antiga, o escudo.

O livro dos fiados representa assim uma certa “portugalidade” de um tempo passado, ainda que, em alguns espaços de comércio mais local, ainda se pratique o fiado.

Redação

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