Nutrição dos cavalos-marinhos em estudo para aumentar reprodução em cativeiro

Investigadores da Universidade do Algarve (UAlg) estão a estudar a nutrição dos cavalos-marinhos para maximizar a reprodução em cativeiro da espécie, seriamente ameaçada no meio natural, disse hoje o biólogo Jorge Palma.

Para alimentar os cerca de 500 cavalos marinhos que habitam em tanques na estação do Ramalhete, à beira da Ria Formosa, em Faro, os investigadores têm que capturar diariamente presas naturais, sobretudo pequenos crustáceos, o que implica um esforço de recursos humanos difícil de suportar, explica o biólogo.

Se os cavalos-marinhos forem alimentados artificialmente, o alimento deve ser dado na proporção certa para satisfazer as suas necessidades nutricionais, com equilíbrio entre os diversos componentes, uma vez que os animais podem ter dificuldade em metabolizar os nutrientes.

“É a diferença entre a sobrevivência e a morte dos animais”, refere Jorge Palma, que dirige o projeto ‘Hipponutre’, acrescentando que a maior preocupação é com os cavalos-marinhos juvenis, cuja taxa de sobrevivência está mais ameaçada em cativeiro do que a dos adultos.

O investigador, envolvido na reprodução de cavalos-marinhos em cativeiro há pelo menos 15 anos, falava à Lusa à margem de uma visita da ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, àquele centro de pesquisa científica da UAlg gerida pelo Centro de Ciências do Mar (CCMAR).

Segundo o biólogo, o aprofundamento do conhecimento sobre a alimentação pode ajudar a enriquecer a dieta dos cavalos-marinhos – o que se já se fez com outros peixes criados em aquacultura – permitindo duplicar a capacidade do cultivo destes animais, atualmente de cerca de 1.500 exemplares por ano, no Ramalhete.

O investigador explica que, na prática, o objetivo do estudo é desenvolver um alimento líquido (emulsão) que sirva de alimento aos crustáceos que irão depois alimentar os cavalos-marinhos, servindo como “transmissores” dos nutrientes que os investigadores querem que estes ingiram.

Jorge Palma sublinha que esta espécie não se adapta à alimentação à base de farinhas, uma vez que não reconhece o alimento como uma presa natural, razão pela qual é necessário que as presas “transportem” consigo o alimento na dose certa.

No futuro, este alimento, que pode ser congelado, poderá ser patenteado e lançado no mercado, conclui.

Na visita, a ministra do Mar sublinhou a importância de haver maior fiscalização para prevenir a mortandade desta espécie, mas insistiu também na necessidade de serem adotados comportamentos com vista à sua preservação.

Ana Paula Vitorino disse também que está a ser estudada a criação de “santuários” para a proteção dos cavalos-marinhos, zonas interditadas à pesca e a outras atividades.

A comunidade de cavalos-marinhos na Ria Formosa está em forte declínio devido à poluição, perda de ‘habitat’ devido ao excessivo uso do espaço marítimo e também pela captura ilegal.

Lusa

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